Memória e
Compromisso
Conclusões do
encontro de Santarém 2012
Introdução
“Levantaram-se, voltaram e
contaram
o que tinha acontecido no
caminho”
(Lc 24,33.35)
Na celebração
dos 40 anos do Encontro de Santarém, nós bispos, representantes de presbíteros,
diáconos, religiosos e religiosas e cristãos leigos e leigas das Igrejas da
Amazônia, nos reunimos às margens do Tapajós, na mesma cidade, para dar Graças
a Deus por esta caminhada e renovar nosso compromisso profético e missionário
de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, para que n’Ele nossos povos tenham
vida! Este 10º Encontro se apresenta como um passo significativo na caminhada
de 60 anos, desde o 1º Encontro em Manaus (1952) e, iluminado pelos 50 anos do
Concílio Vaticano II, lança o olhar para frente, como o profeta que supera o
cansaço e prossegue sua missão
(cf. I Rs 19,7).
Louvamos e
agradecemos ao Deus da vida porque nestes 40 anos, não obstante nossas fragilidades,
nossa Igreja tem anunciado Jesus Cristo ressuscitado, caminho, verdade e vida.
Ela tem marcado presença junto ao povo sofrido, sendo muitas vezes a voz dos
povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, seringueiros e migrantes, nas
periferias e em novos ambientes dos centros urbanos animando as comunidades na
reivindicação do respeito pela sua história e religiosidade. A vida destes
povos, seu modo de viver, sua simplicidade, seu protagonismo, sua fé nos
encantam! Não faltou o testemunho de entrega da própria vida até o derramamento
de sangue. Este testemunho nos anima, nos encoraja e nos fortalece.
Nossos olhos,
contemplam uma realidade que ainda
permanece desafiadora e ameaçadora. O que se apresenta como caos no campo
social, político, econômico e cultural é, na verdade, fruto de projetos ambiciosos
e bem articulados que querem avançar a qualquer custo, esmagando toda forma de
vida que se mostre como empecilho ou resistência. Não temos outra Palavra senão
o juízo de Deus sobre todas estas coisas. Queremos continuar respondendo profeticamente
aos desafios da nossa história e ser fiéis à missão que nos foi confiada pelo
Senhor.
. Sentimos a
necessidade de uma conversão pessoal e de nossas estruturas. A transformação
libertadora e salvadora da realidade começa com a nossa vida cristã e com a
renovação das nossas comunidades.
Neste
encontro, emerge com mais clareza a urgência de evangelizar a partir do encontro
com Jesus Cristo Verbo encarnado, profeta e missionário do Pai, tendo o Reino
como horizonte e de dinamizar e formar comunidades eclesiais vivas,
proféticas e missionárias, como as CEB’s e outras formas de vivência
comunitária, para que a Igreja “comunidade de comunidades” seja testemunho de
comunhão.
“Somos
conscientes de que nunca será possível a evangelização sem a ação do Espírito
Santo” (EN 74). Ele nos fará conservar na Amazônia a alegria e o entusiasmo
para evangelizar, mesmo entre lágrimas e perseguições”. Necessitamos na
Amazônia de um novo Pentecostes que nos transforme profundamente.
Diante dos desafios
sociais, políticos e econômicos, culturais, religiosos e eclesiais da realidade
amazônica, decidimos fortalecer
o compromisso profético de transformação e reafirmar o projeto de formação inspirado na
espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo que convoca a Igreja para uma
profunda conversão pastoral (cf. DA 360-365; 170-175).
Nesta caminhada não estamos sozinhos, o Cristo que aponta para Amazônia, arma a sua tenda entre nós (cf
Jo 1,14).
01. Quarenta anos do Documento de
Santarém: intuições, avanços e esperanças
UMA IGREJA DE ROSTO
AMAZÔNICO
Desde 1952 nossos pastores
mantêm a “tradição” de se encontrar para analisar e tomar posição em relação à
realidade da Amazônia, manifestando espírito de unidade e colegialidade, além
da responsabilidade comum diante dos graves problemas da região.
Um dos encontros mais
significativos e marcantes dessa caminhada histórica foi o de Santarém,
realizado em 1972, que gerou um documento cujas orientações iluminaram a vida e
a missão da Igreja regional. Encarnação na realidade e evangelização
libertadora foram as diretrizes fundantes de um novo rosto da Igreja que passou
a assumir opções marcantes dentro de um contexto de exclusão e marginalização;
nessas diretrizes e opções se inscreve uma identificação com a missão salvífica
de nosso Senhor Jesus Cristo.
Ao longo desses anos, além
de influenciar as decisões das assembleias regionais, a formação dos agentes de
pastoral, sobretudo a dos presbíteros e também dos leigos e leigas, alguns
acontecimentos receberam de Santarém inspiração ou motivação na sua realização:
o Projeto Igrejas-Irmãs, o CIMI e
a CPT, as diversas ações pastorais das dioceses/prelazias, o Congresso
Eucarístico de Manaus (1975), o encontro de 1990 sobre Ecologia e rosto da
Igreja na Amazônia, a criação da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da
CNBB, alguns projetos da CRB,a
escolha do tema da Campanha da Fraternidade de 2007 sobre a Amazônia: “Vida e
Missão neste chão”.
Após
Santarém, outros encontros se realizaram, destacando-se os de Manaus em 1997 e
2007 que expressaram e ratificaram a caminhada feita, aprofundaram e
atualizaram suas intuições.
Como
fruto da ação do Espírito Santo nesse processo, surge o rosto de uma Igreja
amazônica:
· Uma Igreja
solidária-samaritana, caminhando com o povo mais sofrido, especialmente índios,
agricultores, ribeirinhos... Bispos, padres, agentes pastorais, religiosas e
religiosos fizeram de seu trabalho pastoral-evangelizador anúncio da Boa Nova
aos pobres e denúncia das condições de miséria e exclusão social.
· Uma Igreja ministerial e
missionária, favorecendo o protagonismo dos leigos e leigas e investindo mais
na formação dos agentes de pastoral locais, com uma intensa participação também
da Vida Religiosa consagrada;
· Uma Igreja cuja expressão
maior foram as comunidades eclesiais de base: sua organização e missão nos mais
distantes rincões dessa Amazônia tornaram a Igreja mais presente e mais próxima
da vida do povo.
· Uma Igreja irmã da criação:
que considera como parte de sua opção fundamental a salvaguarda de toda criação
e chama todos os homens e mulheres a cuidarem do Planeta como casa comum.
Na
Amazônia a Igreja realizou seu protagonismo de ser comunidade de comunidades a
partir do
anúncio da Palavra pela missão descentralizada e testemunhada, o que gerou
profecia e martírio.
Não obstante os desafios e limites, a Igreja
amazônica vive e cresce com características próprias, enraizada na sabedoria
tradicional e na religiosidade popular, fortalecida e ungida pela Palavra de
Deus e pela Eucaristia, que durante muito tempo alimentaram e continuam a
manter viva a espiritualidade dos povos das florestas, das águas, das estradas
e cidades. Gente que enfrenta com alegria as dificuldades das distâncias e da
falta de comunicações, a escassez de recursos e oportunidades, para
encontrar-se e oferecer sua participação a fim de que este pedaço de chão seja
efetivamente "chão da partilha fraterna, pátria solidária de povos e
culturas, casa de muitos irmãos e irmãs. Anúncio de esperança e de paz para os
povos da Amazônia e de todo o Brasil".
02. O compromisso profético de
transformação que considera os desafios sócio-político-econômicos da realidade
amazônica
“Não tenhas medo (...)
Nesta cidade há um povo numeroso que me pertence”
(At 18,9)
Após
40 anos de caminhada como Igreja, seguindo as intuições e orientações do
Documento de Santarém (Linhas Prioritárias para a Amazônia) constatamos que, a realidade da Amazônia, mesmo com
alguns avanços, em muitos aspectos não apresenta mudança e sim agravamento, o
que indica que o nosso povo continua vítima de uma tirania política e
econômica. Antigos e novos problemas afetam a região, deixando à margem e
afastados de todos os benefícios que são gerados pelos projetos econômicos,
milhares de amazônidas que, expulsos de suas terras ou atraídos pelas promessas
ilusórias de uma vida melhor, passam a vagar de cidade em cidade buscando viver
com dignidade.
Queremos
ser uma Igreja pobre junto aos
pobres, solidária com os excluídos e abandonados da Amazônia, também em momento
de enfrentamento. Buscaremos aprofundar de modo sistemático a compreensão das
causas e consequências dos mecanismos que geram miséria e exclusão social e
estimular a articulação de uma rede de formadores de opinião apoiados pela
Comissão Episcopal para a Amazônia para análise da realidade em nível regional
e diocesano, além dos assessores locais.
Diante dos desafios abaixo
destacados, assumimos compromissos que revelam o rosto solidário, profético e
missionário da Igreja frente aos apelos de Deus presentes na vida do nosso povo.
:
1.
Defesa de todas as formas de
vida – acima de tudo da vida humana - da bio e sócio diversidade e da
sustentabilidade a partir das culturas indígenas, quilombolas e ribeirinhas e
dos projetos de bem viver de nossos povos.
1.1.
Assumir
e implantar as comissões em defesa da vida;
1.2. Apoiar alternativas agro-ecológicas e energéticas de produção adaptadas ao bioma, descentralizadas e diversificadas, que
protejam as florestas e os rios;
1.3. Defender o território e o
habitat dos povos da Amazônia respeitando a vocação de cada microrregião
lutando para garantir a sobrevivência das futuras gerações;
2. Avanços do agronegócio, da mineração, das hidroelétricas, da
nova fronteira agrícola e aumento de conflitos na luta pela terra.
2.1.
Denunciar
os grandes projetos que estão destruindo as florestas e se apropriando das
terras dos povos tradicionais;
2.2.
Disponibilizar,
através da CNBB, um serviço de informação e orientação prática para que as
dioceses e prelazias tenham elementos para enfrentar os grandes projetos e suas
consequências;
2.3.
Orientar,
apoiar e fortalecer a organização das comunidades indígenas, quilombolas, rurais
e ribeirinhas na defesa de seus direitos, da sua cultura e de seu território.
3.
O fenômeno da Urbanização,
as migrações a formação de novas cidades e o inchaço das grandes cidades,
aumento do uso das drogas, do narcotráfico, tráfico de armas e a violência.
3.1. Compreender e enfrentar
pastoralmente os desafios da cultura urbana nas situações de migrações, drogas,
violência, exploração sexual de crianças e adolescentes, tráfico de pessoas e
corrupção;
3.2. Realizar seminários na
Amazônia para compreender melhor os mecanismos do narcotráfico;
3.3. Fortalecer e apoiar as
iniciativas de ajuda às pessoas dependentes do álcool e das drogas.
4.
Ausência do Estado na
aplicação de políticas públicas e garantias de direito, porém, com apoio e
incentivo ao grande capital; aumento da corrupção nas instâncias e organismos
públicos.
4.1. Lutar contra a corrupção e
a impunidade nos setores públicos;
4.2. Incentivar a participação
nos conselhos paritários de políticas públicas e formar pessoas para esta
atuação, com consciência crítica, coragem e exercendo o profetismo;
4.3. Valorizar as Semanas
Sociais Brasileiras;
4.4. Reforçar a formação cristã
sócio-transformadora dos agentes de pastoral para o exercício da cidadania
fundamentada na Doutrina Social da Igreja;
4.5. Articular as Pastorais
Sociais, as Comissões de Justiça e Paz, Cáritas e Centros de Defesa dos
Direitos Humanos, CIMI e CPT;
4.6. Fortalecer a Pastoral da
Criança;
4.7. Utilizar os meios de
comunicação social, como a Rede de Notícias da Amazônia, TV Nazaré, rádio,
televisão, internet, escolas católicas, para conscientizar, educar, evangelizar;
4.8. Contribuir para a mudança
da mentalidade que considera a Amazônia colônia ou periferia do Brasil;
4.9. Denunciar o Estado quando
deixa de exercer seu papel moderador impedindo que os fortes esmaguem os fracos
ou, pior ainda, quando também se alia à iniciativa privada para executar projetos
que destroem o meio ambiente e não respeitam os direitos dos amazônidas.
03.
O Projeto de Formação inspirado na Espiritualidade do seguimento de Jesus
Cristo que arma sua tenda na Amazônia e que convoca a Igreja para assumir os
desafios da realidade religiosa e eclesial
. “Levanta-te, desce e vai com eles sem hesitar,
pois fui eu que os mandei” (At 10,25)
Nestes 40 anos, nos
identificamos como uma Igreja encarnada, articulada nas inúmeras comunidades
cristãs de base. No encontro de Manaus, ao celebrarmos os 25 anos de Santarém
(1997), o documento final “A Igreja se
faz carne, e arma sua tenda na Amazônia” apresenta, uma profunda e clara
consciência de uma Igreja discípula da Palavra, testemunha do diálogo,
servidora e defensora da vida, irmã da criação, que se deixa iluminar por
algumas perspectivas evangelizadoras: Inculturação, cidadania, formação e
anúncio central da Boa Nova! Dez anos depois, no Encontro de 2007, reafirmamos
nossa identidade de Igreja discípula missionária, ministerial, que assume a
vida do povo, que se articula na paróquia como rede de comunidades e nas
comunidades eclesiais de base.
Em meio aos desafios de
hoje, inspirados também pela Conferência de Aparecida (2007) e pelas Diretrizes
Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2014) e das urgências
ali indicadas, destacamos:
1. Iniciação Cristã à luz da Palavra de Deus e a Catequese de
inspiração catecumenal
1.1. Cuidar para que a Palavra
de Deus ocupe o lugar central, através da animação bíblica da vida cristã e da
ação evangelizadora;
1.2. Educar para interação fé e
vida, que possibilite desde o início a conscientização como pressuposto
indispensável a libertação;
1.3. Promover a leitura orante
da Bíblia;
1.4. Conduzir ao encontro
pessoal com Cristo através dos sacramentos, principalmente da Eucaristia;
1.5. Orientar para que vida
sacramental se expresse do compromisso social e comunitário do cristão;
1.6. Envolver a família como corresponsável do processo de
iniciação de iniciação cristã.
2. Comunidades eclesiais vivas missionárias, proféticas e abertas ao diálogo ecumênico e
interreligioso como as CEB’s e outras
formas de vivência comunitária.
2.1. Formar e dinamizar
comunidades e lideranças missionárias numa pedagogia que considere a vida e a
realidade das pessoas dando-lhes atenção e acompanhamentos necessários a fim de
que abracem com convicção o seguimento a Jesus Cristo, sendo protagonistas da
missão;
2.2. “Formar ministérios
adequados às necessidades de nossas comunidades, especialmente o ministério do
pastoreio de comunidades, exercido por leigos (as) que sejam servos (as) do
povo, abertos (as) ao diálogo e ao trabalho em equipe e que, devidamente
preparados (as) assumam, em nome da Igreja a direção pastoral de uma
comunidade, sendo por ela sustentados (as)” (Doc. Manaus, 1997, nº 47);
2.3. Assumir a Igreja
ministerial que acolhe, valoriza e cria espaço para que os dons e carismas se
concretizem através dos leigos, religiosos e presbíteros segundo as
características da Amazônia;
2.4. Viver o caminho da Igreja
Profética que escuta a Voz de Deus na Palavra Sagrada Escrita e nos gritos do
povo e proclama a luz de Deus que denuncia erros e injustiças, apontas luzes e
esperanças;
2.5. Cultivar a espiritualidade
do seguimento a Jesus Cristo que arma sua tenda na Amazônia, fazendo nascer
convicções e tornando-as firmes;
2.6. Valorizar as assembléias e
conselhos pastorais como espaço de comunhão, participação e compromisso;
2.7. Capacitar as lideranças
para visitas continuadas a famílias e comunidades, especialmente as mais
distantes;
2.8. Considerar e fortalecer as
diferentes comunidades rurais, ribeirinhas, das estradas, indígenas, quilombolas e das
periferias;
2.9. Incentivar a presença e a ação dos leigos e leigas em todos
os ambientes urbanos para que sejam protagonistas da evangelização;
2.10.
Promover
iniciativas ecumênicas por meio de atividades caritativas e sociais;
2.11.
Ir
ao encontro dos católicos afastados e acolher os que retornam de outras igrejas;
2.12.
Valorizar
as devoções populares iluminando-as com a Palavra.
3.
Formação presbíteros,
diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas para uma Igreja toda ela missionária
e ministerial:
3.1. Priorizar e investir em formação
permanente (compromisso constante), diversificada (padres, diáconos, leigas/os
levando em conta as diferentes atuações do laicato dentro da Igreja e na
sociedade), descentralizada e encarnada (a partir da realidade) numa atitude
transformadora e libertadora;
3.2. Valorizar e integrar as diferentes
experiências de formação dos nossos regionais;
3.3. Aproveitar os recursos
tecnológicos, como cursos à distância;
3.4. Fortalecer os centros de
formação já existentes (Instituto Pastoral Regional - IPAR, Instituto Regional
para a Formação Presbiteral – IRFP, Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino
Superior - ITEPES, Faculdade Católica de Rondônia, Centro de Cultura e Formação
Cristã –CCFC, Faculdade Diocesana São José – (FADISI);
3.5. Promover o intercâmbio
entre Institutos, casas de formação e escolas de lideranças;
3.6. Criar equipes itinerantes
de formação;
3.7. Estimular planos de
formação integral, processual e inculturada;
3.8. Formar presbíteros despojados,
simples que não busquem auto-promoção, que sejam missionários em maior sintonia
e contato com as comunidades;
3.9.
Formar
Diáconos Permanentes considerando as orientações da CNBB;
3.10.
Criar
um Instituto de Pastoral para o Noroeste;
3.11.
Realizar
experiências missionárias com os seminaristas, religiosos e leigos;
3.12.
Fortalecer
as escolas de fé e cidadania, bíblicas e teologicas nas dioceses e prelazias.
4.
Opção pela evangelização da
juventude
4.1. Fortalecer as diversas
expressões da juventude (grupos, PJs, movimentos);
4.2. Apoiar o setor juventude
como articulador da Pastoral Juvenil em nossas dioceses e prelazias;
4.3. Articular a Pastoral
Juvenil com Pastoral da Educação e Universitária;
4.4. Preparar pessoas para o
acompanhamento dos jovens;
4.5. Ajudar na formação de professores católicos para o ensino
religioso.
5.
Sustentabilidade econômica
5.1. Melhorar e motivar a
pastoral do dízimo como instrumento principal de auto-sustentação;
5.2. Assumir a Campanha de
Solidariedade e Partilha de todas as Igrejas do Brasil em vista da formação de
seminaristas;
5.3. Reforçar as Campanhas de
Evangelização, CF e Missionária;
Conclusão
“Eu vos disse estas coisas para que, em mim,
tenhais paz.
No mundo tereis aflições, mas tende coragem!
Eu venci o mundo” (Jo 16,33)
Somos uma Igreja encarnada
que peregrina na história humana. A partir do nosso chão amazônico renovamos o
compromisso de partilhar “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as
angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos
aqueles que sofrem” (cf. GS 1). Cada vez mais percebemos a urgência de sermos
sinais da novidade evangélica, muitas vezes impelidos a andar na contramão do
que convencionalmente é aceito; na rejeição das alianças com qualquer tipo de poder
que oprima e comprometa a liberdade dos filhos filhas de Deus. O importante,
para nós, é manter a fidelidade no seguimento a Jesus Cristo e ao seu projeto
de vida nova.
A profecia nos impele a
apresentar a Boa Nova de Jesus como alternativa diante de uma sociedade de
consumo. À economia do mercado, dominada pela ganância do capital, respondemos
com a busca de uma economia solidária e fraterna. Aos encantos do sucesso e das
aparências, respondemos com a simplicidade e a beleza do nosso povo, mistura de
indígenas e de migrantes. À tentação de uma religiosidade individualista,
alienante e triunfalista, fundada na prosperidade egoísta, respondemos com a
proposta das pequenas comunidades e do seguimento de Jesus, no caminho da
iniciação cristã, que se expressa também por meio de nossas devoções,
procissões, romarias e círios.
As nossas festas religiosas
são frutos da ação do Espírito Santo no coração dos pequenos e são alimentadas
pela sabedoria popular, pelas tradições seculares e pelo testemunho de tantos irmãos
e irmãs que construíram catedrais, igrejas e capelas nas cidades, nas margens
dos rios e das estradas, verdadeiros desbravadores e evangelizadores desta
imensa Amazônia. Contemplamos a grandeza de Deus que se revela no agir dos
pobres.
No caminho de “Santarém”,
novamente nos lançamos nas estradas e rios, nas aldeias e quilombos, nos
interiores e periferias das cidades desta imensa Amazônia, abraçando a Missão
que nos foi confiada, comprometidos com toda a criação e na busca de sermos
autênticas comunidades de fé alimentadas pela Palavra e pela Eucaristia. Nesta
hora histórica, o nosso coração, às vezes se angustia com tantas dificuldades,
aparentemente insuperáveis, que nos desafiam. No entanto, continuamos a ser
chamados e enviados como missionários e profetas para alimentar a esperança de
um mundo novo “germe e início” aqui na terra (cf. LG 5) do Reino da santidade e da graça, da
verdade e da vida, da justiça, do amor e da paz (cf. prefácio Festa de Cristo
Rei). Este, e somente este, é o Reino de Jesus Cristo, “o mesmo ontem, hoje e
sempre” (Hb 13,8).
Confiamos na proteção de
Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia. A exemplo dos nossos pastores
no Encontro de Santarém, pedimos: “a
mão de Cristo que aponta para nós não nos censure as imperfeições e
infidelidades, mas ao contrário, nos anime e nos ampare, nos fortaleça e nos
auxilie, apontando as melhores soluções para sermos dignos evangelizadores no
momento histórico que vivemos (Doc. Santarém 1972).
Nenhum comentário:
Postar um comentário