sexta-feira, 22 de março de 2019

Crismas e visita aos Munduruku - março 2019




Dom Wilmar e Frei Filomeno visitaram os índios Munduruku


Crismas na aldeia Boca da Estrada

De 12 a 22 de março de 2019, Dom Frei Wilmar Santin, O. Carm., realizou sua oitava visita aos índios Munduruku assistidos pela Missão São Francisco no rio Cururu. Não foram visitadas as aldeias dos rios Teles Pires e Tapajós assistidas pela Missão.
A Missão São Francisco foi fundada em 1911 pelos padres franciscanos e irmãs da Imaculada Conceição (SMIC). No momento trabalham nesta Missão dois padres franciscanos, quatro irmãs e dois estudantes franciscanos.
Para se chegar até a Missão São Francisco só é possível chegar ou por avião ou por água.
De Itaituba até a Missão, um avião Cessna para 4 passageiros leva em torno de 2 horas.
Para ir por água, primeiro se deve ir até Jacareacanga. São 400 km de estrada de chão pela rodovia Transamazônica. Depois seguir de voadeira durante 10-12 horas, passando por perigosas corredeiras no Tapajós.
Desta vez dom Wilmar optou por ir de avião. O padre carmelita Frei Filomeno dos Santos, que está em Itaituba para uma ajuda temporária, o acompanhou.
A viagem, no dia 12 à tarde, transcorreu tranquila, apesar do tempo bastante nublado e com chuva. Frei Messias, superior da missão franciscana do Cururu, tinha organizado todo o roteiro das atividades e visitas. De acordo com o programado, os compromissos dos dois só começariam no dia seguinte.
No dia 13, pela manhã, Dom Wilmar deu a última parte de formação para os novos Ministros da Palavra, que seriam instituídos à noite.
À tarde, Frei Filomeno fez uma tarde de espiritualidade como preparação para os ministros.
À noite houve missa e instituição de 24 Ministros do Culto e da Palavra, sendo 19 homens e 5 mulheres – todos índios Munduruku. Estes se juntam aos outros 24 que foram instituídos em novembro de 2017. Portanto, agora são 48 Ministros da Palavra pregando o evangelho na própria língua Munduruku.
No dia 14, subiram o rio Cururu até aldeia Santa Maria, a última aldeia neste rio. A viagem de voadeira com motor 40 demorou 4 horas. Foram percorridos 76 km. Passaram por alguns “furos” (varadouros), que encurtam o caminho. Como a época é de cheia, há vários furos. Aconteceu de ter andado quase 1 km e encontrar uma árvore caída trancando a passagem e ter que voltar.
Às 19h houve celebração de missa e dom Wilmar crismou 15 jovens Munduruku. Antes da missa, Frei Messias e Dom Wilmar atenderam confissões, enquanto que Frei Filomeno realizou 3 batizados e assistiu 1 casamento. Todos os crismandos estavam vestidos “a caráter”, ou seja, com os trajes típicos de festa dos Munduruku. Os homens pintados, sem camisa, com colares e uma espécie de “saia” feita de uma planta parecida com o sisal. Alguns usavam também cocar e portavam arco e flecha. As mulheres também pintadas usavam um sutiã embelezado com penas, colares e a “saia” típica.
Dia 15, saíram cedo e foram até a aldeia Muiuçu. A viagem durou quase uma hora. Ali houve missa e dom Wilmar crismou novamente 15 Munduruku, sendo 13 da aldeia Muiuçu e 2 da vizinha aldeia Terra Santa. Antes da missa, Frei Messias e dom Wilmar atenderam confissões, enquanto que frei Filomeno batizou 2 crianças e assistiu 1 casamento.
Após o almoço se dirigiram até a aldeia Wariri, localizada num pequeno igarapé com o mesmo nome, afluente do rio Cururu. A viagem demorou pouco mais de uma hora. 
À noite, houve missa e 4 crismas. Antes da missa Frei Messias e dom Wilmar atenderam confissões. Frei Filomeno batizou uma criança.
O dia 16 foi um dia mais tranquilo. Saíram cedo da aldeia Wariri em direção à Missão São Francisco. Fizeram uma parada na aldeia Pratati para uma visita. A tarde foi de descanso.
Dia 17, que era domingo, a jornada começou muito cedo para os missionários. Primeiro foram até a aldeia Morro do Kurap. Ali foi rezada missa e foram feitos 3 batizados e 17 crismas, sendo 7 da aldeia Morro do Kurap e 10 da aldeia Caroçal. Antes da missa houve confissões.
À tarde, se dirigiram até o Posto Munduruku. À noite houve confissões e missa. Era para ter crismas, mas o catequista achou que a turma não estava preparada. Por isso deixou para próxima visita do bispo possivelmente em novembro. 
No dia 18, foram até aldeia Saw Muybu (antiga Flexal), onde almoçaram. Mas antes visitaram a aldeia Morro do Careca.
Depois foram até a aldeia Boca da Estrada. É a única aldeia situada na margem direita do rio Cururu abaixo da Missão São Francisco. Ela não está na barranca do rio Cururu e sim 1 km afastada da margem, à beira de um pequeno igarapé. Foi a primeira visita que dom Wilmar fez a esta aldeia. As outras aldeias do Cururu, já foram visitadas várias vezes por dom Wilmar. Falta ainda visitar a aldeia Patauazal porque é evangélica. Possivelmente visitará esta aldeia em sua próxima visita, visto que dom Wilmar encontrou o cacique desta aldeia na festa de São José da aldeia Boca da Estrada e foi convidado pelo cacique para visitar também a aldeia Patauazal.
À noite houve missa com 16 crismas, sendo 9 da aldeia Boca da Estrada e 7 da aldeia Saw Muybu (Flexal). Antes da missa houve atendimento de confissões.
Dia 19, solenidade de São José, houve missa solene na aldeia Boca da Estrada às 7h da manhã. São José é padroeiro da aldeia. Por isso vieram índios de todas as aldeias vizinhas para participarem da festa. Após a missa houve café comunitário e depois Frei Filomeno batizou três crianças.
Após os batizados, iniciaram uma longa viagem - mais de 6 horas - até aldeia Pontal no rio Juruena, ou seja, 138 km. Foi feita uma parada na aldeia Primavera. O motivo desta visita era levar uma palavra de conforto, solidariedade e esperança para os índios das aldeias Pontal e Canindé. Isso porque em outubro do ano passado uma onça matou um menino de 9 anos na aldeia Canindé. O acontecido chocou tanto os moradores da aldeia Canindé que eles abandonaram a aldeia e só recentemente é que começaram a retornar, mas só até a aldeia Pontal. O cacique, o senhor Francisco, que é mestiço Apiaká e branco, é avô do menino. Ele só retornou quatro dias antes da chegada dos missionários.
Os missionários passaram o dia 20 com os índios destas duas aldeias. Todos estão na aldeia Pontal, por enquanto. À noite houve missa presidida por dom Wilmar e concelebrada pelos freis Messias e Filomeno.
O dia 21 foi pesado: uma viagem de 189,5 km de voadeira, a saber, da aldeia Pontal até a Missão São Francisco. Foram quase 8 horas de viagem com uma pequena parada na aldeia Caroçal.
À noite houve confissões e ensaio.
No dia 22, às 7h da manhã, dom Wilmar crismou 16 jovens Munduruku. Frei Messias e Frei Filomeno concelebraram.
Às 11:20 retornaram de avião para Itaituba. Com exceção da ida e volta de avião, todo o transporte foi feito por água passando por rios e igarapés.
Retornaram bastante cansados, mas felizes. Dom Wilmar penou ainda por uns dias com uma frieira nos dedos do pé direito conhecida como “rói-rói”, porque rói os dedos e a sola do pé. É muito comum nos garimpos. Teve até que ir ao hospital em Itaituba, porque o pé inchou demais e quase não conseguia caminhar. Teve que tomar até injeção e antibiótico. Porém, pelo Reino se suporta tudo e mais um pouco.
Resultado da visita em números: 13 aldeias visitadas, 83 crismas, 12 batizados e 2 casamentos, além da instituição de 24 Ministros da Palavra. Foram gastos 630 litros de combustível.

Dando por descontada a parte dos sacramentos, porque é o normal de uma visita, os dois pontos altos da visita foram: instituição dos 24 ministros e a solidariedade levada aos índios da aldeia em que o menino foi morto pela onça. O mais emocionante foi o encontro com o cacique Francisco, avô do menino morto pela onça.

Crismas na Aldeia Wariri

Crismas na Missão São Francisco no rio Cururu


Crismas na aldeia Muiuçu - rio Cururu




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