Dom Wilmar e Frei Filomeno visitaram os índios
Munduruku
Crismas na aldeia Boca da Estrada
De 12 a 22 de
março de 2019, Dom Frei Wilmar Santin, O. Carm., realizou sua oitava visita aos
índios Munduruku assistidos pela Missão São Francisco no rio Cururu. Não foram
visitadas as aldeias dos rios Teles Pires e Tapajós assistidas pela Missão.
A Missão São
Francisco foi fundada em 1911 pelos padres franciscanos e irmãs da Imaculada
Conceição (SMIC). No momento trabalham nesta Missão dois padres franciscanos,
quatro irmãs e dois estudantes franciscanos.
Para se chegar
até a Missão São Francisco só é possível chegar ou por avião ou por água.
De Itaituba até
a Missão, um avião Cessna para 4 passageiros leva em torno de 2 horas.
Para ir por
água, primeiro se deve ir até Jacareacanga. São 400 km de estrada de chão pela
rodovia Transamazônica. Depois seguir de voadeira durante 10-12 horas, passando
por perigosas corredeiras no Tapajós.
Desta vez dom
Wilmar optou por ir de avião. O padre carmelita Frei Filomeno dos Santos, que
está em Itaituba para uma ajuda temporária, o acompanhou.
A viagem, no
dia 12 à tarde, transcorreu tranquila, apesar do tempo bastante nublado e com chuva.
Frei Messias, superior da missão franciscana do Cururu, tinha organizado todo o
roteiro das atividades e visitas. De acordo com o programado, os compromissos
dos dois só começariam no dia seguinte.
No dia 13, pela
manhã, Dom Wilmar deu a última parte de formação para os novos Ministros da
Palavra, que seriam instituídos à noite.
À tarde, Frei
Filomeno fez uma tarde de espiritualidade como preparação para os
ministros.
À noite houve
missa e instituição de 24 Ministros do Culto e da Palavra, sendo 19 homens e 5
mulheres – todos índios Munduruku. Estes se juntam aos outros 24 que foram
instituídos em novembro de 2017. Portanto, agora são 48 Ministros da Palavra
pregando o evangelho na própria língua Munduruku.
No dia 14,
subiram o rio Cururu até aldeia Santa Maria, a última aldeia neste rio. A
viagem de voadeira com motor 40 demorou 4 horas. Foram percorridos 76 km.
Passaram por alguns “furos” (varadouros), que encurtam o caminho. Como a época
é de cheia, há vários furos. Aconteceu de ter andado quase 1 km e encontrar uma
árvore caída trancando a passagem e ter que voltar.
Às 19h houve
celebração de missa e dom Wilmar crismou 15 jovens Munduruku. Antes da missa,
Frei Messias e Dom Wilmar atenderam confissões, enquanto que Frei Filomeno
realizou 3 batizados e assistiu 1 casamento. Todos os crismandos estavam
vestidos “a caráter”, ou seja, com os trajes típicos de festa dos Munduruku. Os
homens pintados, sem camisa, com colares e uma espécie de “saia” feita de uma
planta parecida com o sisal. Alguns usavam também cocar e portavam arco e
flecha. As mulheres também pintadas usavam um sutiã embelezado com penas, colares
e a “saia” típica.
Dia 15, saíram
cedo e foram até a aldeia Muiuçu. A viagem durou quase uma hora. Ali houve
missa e dom Wilmar crismou novamente 15 Munduruku, sendo 13 da aldeia Muiuçu e 2
da vizinha aldeia Terra Santa. Antes da missa, Frei Messias e dom
Wilmar atenderam confissões, enquanto que frei Filomeno batizou 2 crianças e
assistiu 1 casamento.
Após o almoço
se dirigiram até a aldeia Wariri, localizada num pequeno igarapé com o mesmo
nome, afluente do rio Cururu. A viagem demorou pouco mais de uma hora.
À noite, houve
missa e 4 crismas. Antes da missa Frei Messias e dom Wilmar atenderam
confissões. Frei Filomeno batizou uma criança.
O dia 16 foi um
dia mais tranquilo. Saíram cedo da aldeia Wariri em direção à Missão São
Francisco. Fizeram uma parada na aldeia Pratati para uma visita. A tarde foi de
descanso.
Dia 17, que era
domingo, a jornada começou muito cedo para os missionários. Primeiro foram
até a aldeia Morro do Kurap. Ali foi rezada missa e foram feitos 3 batizados e
17 crismas, sendo 7 da aldeia Morro do Kurap e 10 da aldeia Caroçal. Antes da
missa houve confissões.
À tarde, se
dirigiram até o Posto Munduruku. À noite houve confissões e missa. Era para ter
crismas, mas o catequista achou que a turma não estava preparada. Por isso
deixou para próxima visita do bispo possivelmente em novembro.
No dia 18,
foram até aldeia Saw Muybu (antiga Flexal), onde almoçaram. Mas antes visitaram
a aldeia Morro do Careca.
Depois foram até
a aldeia Boca da Estrada. É a única aldeia situada na margem direita do rio
Cururu abaixo da Missão São Francisco. Ela não está na barranca do rio Cururu e
sim 1 km afastada da margem, à beira de um pequeno igarapé. Foi a primeira
visita que dom Wilmar fez a esta aldeia. As outras aldeias do Cururu, já foram
visitadas várias vezes por dom Wilmar. Falta ainda visitar a aldeia Patauazal
porque é evangélica. Possivelmente visitará esta aldeia em sua próxima visita,
visto que dom Wilmar encontrou o cacique desta aldeia na festa de São José da
aldeia Boca da Estrada e foi convidado pelo cacique para visitar também a
aldeia Patauazal.
À noite houve
missa com 16 crismas, sendo 9 da aldeia Boca da Estrada e 7 da aldeia Saw Muybu
(Flexal). Antes da missa houve atendimento de confissões.
Dia 19,
solenidade de São José, houve missa solene na aldeia Boca da Estrada às 7h da
manhã. São José é padroeiro da aldeia. Por isso vieram índios de todas as
aldeias vizinhas para participarem da festa. Após a missa houve café
comunitário e depois Frei Filomeno batizou três crianças.
Após os
batizados, iniciaram uma longa viagem - mais de 6 horas - até aldeia Pontal no
rio Juruena, ou seja, 138 km. Foi feita uma parada na aldeia Primavera. O
motivo desta visita era levar uma palavra de conforto, solidariedade e
esperança para os índios das aldeias Pontal e Canindé. Isso porque em outubro
do ano passado uma onça matou um menino de 9 anos na aldeia Canindé. O
acontecido chocou tanto os moradores da aldeia Canindé que eles abandonaram a
aldeia e só recentemente é que começaram a retornar, mas só até a aldeia
Pontal. O cacique, o senhor Francisco, que é mestiço Apiaká e branco, é avô do
menino. Ele só retornou quatro dias antes da chegada dos missionários.
Os missionários
passaram o dia 20 com os índios destas duas aldeias. Todos estão na aldeia
Pontal, por enquanto. À noite houve missa presidida por dom Wilmar e
concelebrada pelos freis Messias e Filomeno.
O dia 21 foi
pesado: uma viagem de 189,5 km de voadeira, a saber, da aldeia Pontal até a
Missão São Francisco. Foram quase 8 horas de viagem com uma pequena parada na
aldeia Caroçal.
À noite houve
confissões e ensaio.
No dia 22, às
7h da manhã, dom Wilmar crismou 16 jovens Munduruku. Frei Messias e Frei
Filomeno concelebraram.
Às 11:20
retornaram de avião para Itaituba. Com exceção da ida e volta de avião,
todo o transporte foi feito por água passando por rios e igarapés.
Retornaram bastante
cansados, mas felizes. Dom Wilmar penou ainda por uns dias com uma frieira nos
dedos do pé direito conhecida como “rói-rói”, porque rói os dedos e a sola do
pé. É muito comum nos garimpos. Teve até que ir ao hospital em Itaituba, porque
o pé inchou demais e quase não conseguia caminhar. Teve que tomar até injeção e
antibiótico. Porém, pelo Reino se suporta tudo e mais um pouco.
Resultado da
visita em números: 13 aldeias visitadas, 83 crismas, 12 batizados e 2
casamentos, além da instituição de 24 Ministros da Palavra. Foram gastos 630
litros de combustível.
Dando por
descontada a parte dos sacramentos, porque é o normal de uma visita, os dois
pontos altos da visita foram: instituição dos 24 ministros e a solidariedade levada
aos índios da aldeia em que o menino foi morto pela onça. O mais emocionante foi
o encontro com o cacique Francisco, avô do menino morto pela onça.
Crismas na Aldeia Wariri
Crismas na Missão São Francisco no rio Cururu
Crismas na aldeia Muiuçu - rio Cururu
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