sábado, 1 de maio de 2021

O PULO DO GATO


O PULO DO GATO

Faz muito tempo, quando os bichos ainda falavam, que esta história aconteceu.

     O Gato era famoso entre os animais pela sua agilidade, e um certo dia, estando à beira de um rio para beber água, lá foi encontrá-lo a Onça.

– Bom dia, mestre Gato; como vai você?

– Vou bem, obrigado, comadre Onça; e você?

– Assim, assim, – disse ela. – Ando tão triste ultimamente.

– Triste por que, comadre? Será que eu posso ajudá-la?

– Mestre Gato, você é o único bicho que pode ajudar-me. Sinto-me assim porque ouço sempre falar da sua habilidade para pular, e eu não sou capaz de fazer o mesmo. Você não quer me ensinar, amigo Gato?

– Ora, comadre, é só esse o seu problema? Não se aborreça! Vou lhe ensinar, sim. Podemos começar já, quer?

– Claro que sim, disse a Onça muito satisfeita.

Começou então a mais estranha aula deste mundo: o Gato exibia todos os tipos de pulos que podia executar, e a aluna procurava imitá-lo da melhor maneira possível. Saltavam de um lado para outro, subiam às árvores e de lá pulavam para o chão, davam saltos de altura, de extensão, e o Gato mostrava que era de fato um mestre, mas a Onça não deixava de ser uma boa aluna; depois de algum tempo já estava pulando quase tão bem quanto o professor.

Aconteceu, porém, que com todo aquele exercício a Onça ficou com fome, e resolveu satisfazê-la da maneira mais simples: comer o Gato. Saltou sobre ele, disposta a devorá-lo, mas o Gato, com grande agilidade, saltou de banda, escapando assim de ser comido. A Onça, muito desapontada, lhe disse:

– Ora, Mestre Gato, este pulo você não me ensinou…

– Comadre Onça, – respondeu o Gato, muito esperto, – você não sabe que nem tudo aquilo que o professor aprendeu, ele ensina aos seus alunos?

E com esta última lição lá se foi embora o Gato, muito alegre e satisfeito, deixando a Onça a ver navios…

Um comentário:

  1. É de meu livro de infancia, ainda guardo de memória as narrativas, verdadeira base de esinamento, preparação e reflexão para a vida. Parabéns Frei Wilmar Santin.

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