Carta
aos Participantes do XXIV Encontro de CEBs da Transamazônica / Santarém – Cuiabá em Morais Almeida
Queridos a amados irmãos em
Cristo,
Gostaria
imensamente de estar presente no XXIV Encontro de CEBs da Transamazônica / Santarém – Cuiabá, a ser realizado entre os dias 21 e 24 de agosto de 2014 em
Morais Almeida – Paróquia Santa Luzia de Novo Progresso, mas não é possível
devido a um problema no meu olho esquerdo.
Quero cumprimentar e saudar a todos, de maneira especial os
participantes de fora, ou seja, da Prelazia do Xingu e das dioceses de Cametá,
Óbidos e Santarém. A todos da Prelazia de Itaituba, além da saudação, quero
dizer que estou feliz com a vossa presença porque confio que a vossa
participação se reverterá num grande entusiasmo e revitalização das CEBs em
nossa Prelazia. Quero agradecer o povo de Morais Almeida pelo empenho,
dedicação e suor na organização e acolhimento dos participantes.
Um dos grandes frutos do Concílio Vaticano II na América
Latina foi o reflorescimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). As CEBs
tiveram por longos anos um papel importante na vida da Igreja, ajudando-a em
sua renovação pós-conciliar e transformação da sociedade. Não tenho dificuldade
em afirmar que se o Brasil melhorou, deve-se muito também às CEBs. Falo de CEBs
e não simplesmente de Comunidades de Base. A diferença é que as CEBs tem um “E” no meio, que significa ECLESIAL. Portanto tem uma marca
essencial e fundamental: a marca da FÉ
e da IGREJA.
Com o passar do tempo houve um cansaço e muitas comunidades,
que não se renovaram, acabaram desaparecendo.
Nos últimos tempos a Igreja vem insistindo para que se faça uma
revitalização das CEBs. Basta ver os documentos de Aparecida, Santarém 2012 e Manaus
2013.
O Papa Francisco em sua mensagem ao 13º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, realizado
entre os dias 7 e 11 de janeiro de 2014, na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará,
escreveu:
“Como lembrava o Documento de
Aparecida, as CEBs são um instrumento que permite ao povo “chegar a um
conhecimento maior da Palavra de Deus, ao compromisso social em nome do
Evangelho, ao surgimento de novos serviços leigos e à educação da fé dos
adultos” (n. 178). E recentemente, dirigindo-me a toda a Igreja, escrevia que
as Comunidades Eclesiais de Base “trazem um novo ardor evangelizador e uma
capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja”, mas, para isso é
preciso que elas “não percam o contato com esta realidade muito rica da
paróquia local e que se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja
particular” (Exort. Ap. Evangelii gaudium, 29).
Assim sendo,
temos o incentivo e a aprovação oficial da Igreja e do Papa Francisco para as
CEBs.
Reconheço que temos
um longo caminho a fazer, mas contando com pessoas de fé, como vocês, poderemos
revitalizar as CEBs e levar a nosso região a um desenvolvimento que inclua a
todos, respeitando o meio ambiente e a vida.
Ao ler os Atos
dos Apóstolos, vamos constatar que as primeiras comunidades cristãs, ou seja,
as primeiras CEBs foram essencialmente missionárias. Enviavam missionários para
fundarem novas comunidades. Com isto o Evangelho foi sendo anunciado a todas as
partes do mundo conhecido na época. A dimensão missionária não pode faltar nas
CEBs. A Prelazia de Itaituba está vivendo um momento de graça através das Santas
Missões Populares. As CEBs devem ter um papel preponderante nas Santas Missões.
Quem participar do XXIV Encontro de CEBs deve dar exemplo de ação
missionária. Deve se empenhar para organizar círculos bíblicos e fundar novas
comunidades. Não pode ter preguiça de visitar as famílias e ser um verdadeiro
missionário.
CEB
que não se alimenta da Palavra de Deus e da Eucaristia não é verdadeira CEB.
Por isso recordo o lema do XXIV
Encontro de CEBs da Transamazônica / Santarém – Cuiabá: “Na Palavra de Deus está a nossa Esperança”,
mas também que em cada comunidade a Eucaristia seja o ponto central, como
afirma o Concílio Vaticano II: a Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã» (LG 11).
Por
último: estes Encontros das CEBs da Transamazônica / Santarém – Cuiabá não deveriam ser apenas encontros anuais.
Deveriam animar os participantes a se organizarem e produzirem frutos em suas
Diocese, Prelazias e Paróquias. A minha primeira participação nestes encontros
foi no Encontro realizado em Miritituba em 2012. O que resta daquele Encontro
além das camisetas? E do Encontro de Anapu? Vamos continuar assim? O desafio é
melhorar a organização para que a participação aumente e seja um evento
esperado e desejado por todos.
A todos envio a minha bênção
episcopal e manifesto a certeza de que o Espírito Santo ajudará para que este
encontro produza muitos frutos.
Itaituba, 21 de agosto de 2014.
Dom
Frei Wilmar Santin, O.Carm.
Bispo da Prelazia de Itaituba
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