sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Carta aos Participantes do XXIV Encontro de CEBs da Transamazônica e BR 163



Carta aos Participantes do XXIV Encontro de CEBs da Transamazônica / Santarém – Cuiabá em Morais Almeida

Queridos a amados irmãos em Cristo,

Gostaria imensamente de estar presente no XXIV Encontro de CEBs da Transamazônica / Santarém – Cuiabá, a ser realizado entre os dias 21 e 24 de agosto de 2014 em Morais Almeida – Paróquia Santa Luzia de Novo Progresso, mas não é possível devido a um problema no meu olho esquerdo.
Quero cumprimentar e saudar a todos, de maneira especial os participantes de fora, ou seja, da Prelazia do Xingu e das dioceses de Cametá, Óbidos e Santarém. A todos da Prelazia de Itaituba, além da saudação, quero dizer que estou feliz com a vossa presença porque confio que a vossa participação se reverterá num grande entusiasmo e revitalização das CEBs em nossa Prelazia. Quero agradecer o povo de Morais Almeida pelo empenho, dedicação e suor na organização e acolhimento dos participantes.
Um dos grandes frutos do Concílio Vaticano II na América Latina foi o reflorescimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). As CEBs tiveram por longos anos um papel importante na vida da Igreja, ajudando-a em sua renovação pós-conciliar e transformação da sociedade. Não tenho dificuldade em afirmar que se o Brasil melhorou, deve-se muito também às CEBs. Falo de CEBs e não simplesmente de Comunidades de Base. A diferença é que as CEBs tem um “E” no meio, que significa ECLESIAL. Portanto tem uma marca essencial e fundamental: a marca da e da IGREJA.
Com o passar do tempo houve um cansaço e muitas comunidades, que não se renovaram, acabaram desaparecendo.
Nos últimos tempos a Igreja vem insistindo para que se faça uma revitalização das CEBs. Basta ver os documentos de Aparecida, Santarém 2012 e Manaus 2013.
O Papa Francisco em sua mensagem ao 13º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, realizado entre os dias 7 e 11 de janeiro de 2014, na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, escreveu:
Como lembrava o Documento de Aparecida, as CEBs são um instrumento que permite ao povo “chegar a um conhecimento maior da Palavra de Deus, ao compromisso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos serviços leigos e à educação da fé dos adultos” (n. 178). E recentemente, dirigindo-me a toda a Igreja, escrevia que as Comunidades Eclesiais de Base “trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja”, mas, para isso é preciso que elas “não percam o contato com esta realidade muito rica da paróquia local e que se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja particular” (Exort. Ap. Evangelii gaudium, 29).
Assim sendo, temos o incentivo e a aprovação oficial da Igreja e do Papa Francisco para as CEBs.
Reconheço que temos um longo caminho a fazer, mas contando com pessoas de fé, como vocês, poderemos revitalizar as CEBs e levar a nosso região a um desenvolvimento que inclua a todos, respeitando o meio ambiente e a vida.
Ao ler os Atos dos Apóstolos, vamos constatar que as primeiras comunidades cristãs, ou seja, as primeiras CEBs foram essencialmente missionárias. Enviavam missionários para fundarem novas comunidades. Com isto o Evangelho foi sendo anunciado a todas as partes do mundo conhecido na época. A dimensão missionária não pode faltar nas CEBs. A Prelazia de Itaituba está vivendo um momento de graça através das Santas Missões Populares. As CEBs devem ter um papel preponderante nas Santas Missões. Quem participar do XXIV Encontro de CEBs deve dar exemplo de ação missionária. Deve se empenhar para organizar círculos bíblicos e fundar novas comunidades. Não pode ter preguiça de visitar as famílias e ser um verdadeiro missionário.
CEB que não se alimenta da Palavra de Deus e da Eucaristia não é verdadeira CEB. Por isso recordo o lema do XXIV Encontro de CEBs da Transamazônica / Santarém – Cuiabá: Na Palavra de Deus está a nossa Esperança”, mas também que em cada comunidade a Eucaristia seja o ponto central, como afirma o Concílio Vaticano II: a Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã» (LG 11).
Por último: estes Encontros das CEBs da Transamazônica / Santarém – Cuiabá não deveriam ser apenas encontros anuais. Deveriam animar os participantes a se organizarem e produzirem frutos em suas Diocese, Prelazias e Paróquias. A minha primeira participação nestes encontros foi no Encontro realizado em Miritituba em 2012. O que resta daquele Encontro além das camisetas? E do Encontro de Anapu? Vamos continuar assim? O desafio é melhorar a organização para que a participação aumente e seja um evento esperado e desejado por todos.
A todos envio a minha bênção episcopal e manifesto a certeza de que o Espírito Santo ajudará para que este encontro produza muitos frutos.
Itaituba, 21 de agosto de 2014.

Dom Frei Wilmar Santin, O.Carm.

Bispo da Prelazia de Itaituba

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