A MISSÃO SÃO FRANCISCO DO
RIO CURURU
Ir. Helena Calderaro, SMIC
HISTÓRICO – A Missão São
Francisco, localizada à margem
esquerda do rio Cururu, afluente direito do rio Tapajós, foi iniciada em julho
de 1911, quando Fr. Hugo Mense e Fr. Luís Wand, OFM, após viagem de sessenta
dias, aportaram na região da Missão Velha, situada à margem direita do rio
Cururu. Ao chegarem não entraram logo na aldeia, mas construíram um barraco à
beira do rio, esperando que os nativos se aproximassem, o que aconteceu uma
semana depois quando eles resolveram tocar flauta e cantar. Imediatamente, os
indígenas, bastante curiosos começaram a se aproximar: primeiramente os homens
depois as mulheres e as crianças. Nesse primeiro contato o então chefe da
aldeia, João Wakapã convidou os dois frades para que fossem com eles. Lá
chegando, encontraram indígenas vestidos com farrapos de pano e outros já
viciados em bebida alcoólica, devido os regatões que pagavam com cachaça os
serviços prestados pelos indígenas, como a colheita de castanha e borracha.
Os frades, sozinhos, sentiam muitas dificuldades
missionárias, por isso pediram ao bispo D. Amando Bahlmann que enviasse algumas
Irmãs da Congregação recém fundada em Santarém o que foram logo atendidos. No
dia 01º/05/1912 três religiosas,
“pioneiras da Missão” (Madre Coleta, superiora, Irs. Cecília e Ágata, noviças)
viajaram de Santarém para a Missão, onde chegaram em 05/07/1912. Lá chegando abriram logo uma escola e começaram a
cuidar dos doentes. Isso fez com que Fr. Hugo afirmasse que a Missão somente
foi fundada quando as Irmãs chegaram.
Nesse início, Fr. Hugo dedicou seu tempo em viagens
pelo rio e pela mata para conhecer toda a área, enquanto Fr. Luís dava
assistência à missão, provendo a subsistência das Irmãs. No fim do ano Fr. Luís
precisou retornar a Santarém para cuidar da saúde que estava muito fragilizada
pelos constantes ataques de malária. Solicitou e recebeu licença de viajar para a
Alemanha para tratamento e esmolar em favor da missão. Ele viajou em maio de
1914 em companhia de D. Amando Bahlmann. Logo em Agosto rompeu a 1ª Guerra Mundial que
atingiu de cheio a vida da Missão e retardou o seu progresso. Lá permaneciam
Fr. Hugo e as três Irmãs. As condições de instalações eram por demais precárias
e isso tornava a vida muito difícil. Somente a Caridade de Cristo e a determinação
desses missionários motivou a sobrevivência da Missão nesse período. Em 1915 D.
Amando regressou à Prelazia, mas Fr. Luís teve que ficar na Alemanha e nada
conseguiu para a missão e sem esse auxílio esta não poderia continuar. Em
setembro, Fr. Plácido Toelle, fez sua primeira visita à Missão. A alegria da
sua presença foi bálsamo confortador...
Em 1917, a missão recebeu pela primeira vez a visita do
Provincial, Fr. Eduardo Herberhold, que mais tarde viria a ser bispo auxiliar
de D. Amando, acompanhado de Fr. Plácido que já estava “namorando” com a
missão. O Provincial regressou a Santarém prometendo mandar mais um frade e um
Irmão para a missão, além de auxílio material. A promessa foi cumprida, pois em
abril de 1918, acompanhado do Irmão Berardo Erkmann, Fr. Plácido Toelle chegava
à Missão não mais para visitá-la mas para uma doação total.
No decorrer desses primeiros anos foi se firmando a
idéia da impraticabilidade da Missão continuar no local em que se estabelecera.
A terra não era boa para a lavoura e a distância da beira do rio era um entrave
que dificultava o acesso à missão. Tornava-se necessário escolher outro local,
mas as condições financeiras não possibilitavam fazer essa mudança. Fr. Luís
continuava retido na Alemanha e a situação da missão se agravava por falta de
recursos. Premidos por essa situação, os padres e as religiosas, em janeiro de
1919, voltaram a Santarém a espera do auxílio necessário à continuação da obra
iniciada. Essa ausência da Missão durou quase um ano, pois só em dezembro os missionários regressaram à Missão, (eram dois frades, quatro
Irmãs, cinco crianças indígenas e dois cachorros), chegando lá no dia 22/12/1919, após uma viagem de quatro
semanas. Fr. Hugo já havia ido na frente e quando os outros chegaram foram
recebidos com o tocar dos sinos que anunciavam o recomeço da Missão para maior
glória de Deus. Irmão Berardo adoeceu em viagem mas mesmo assim empregou todas
as forças para continuar as obras iniciadas. Durante sua enfermidade não lhe
faltou o conforto dos padres, das Irmãs e dos índios. Mas tudo em vão, pois ele
veio a falecer no dia 20/02/1920. Sua morte foi uma grande perda para a missão,
exatamente no momento que estava decidido a mudança do local da missão. Coube a
Fr. Plácido encontrar mais acima o
lugar onde seria construída a Missão Nova. Ficava à margem esquerda do rio
Cururu, no local conhecido por “Terra Preta”, à beira do rio, um pouco abaixo
do lago da Cigana. No dia 1º/03/1920 os trabalhos foram iniciados com quatro
homens “civilizados” contratados para esse fim, sob o comando de Fr. Plácido.
Em setembro as plantações estavam concluídas. Em outubro Fr. Plácido viajou a
Santarém com a finalidade de trazer o Irmão Bonifácio Budde que iria substituir
Irmão Berardo. Seu regresso à missão deu-se em janeiro de 1921, acompanhado do
Ir. Bonifácio e mais Ir. Gertrudes para assumir a sala de costura. Em maio foi
a vez de Fr. Hugo descer até Santarém e lá teve a alegria de encontrar Fr. Luís
que havia regressado da sua longa estada na Alemanha, muito satisfeito com o
que arranjara para a missão. Em maio de 1922 frei Luís doente regressou a
Santarém e foi substituído por Fr. Dimas Wolf. Nesse ano Madre Coleta
retirou-se da Missão e em seu lugar foi Ir. Crescência. No Natal de 1922, depôs
de anos de luta, a casa das Irmãs foi inaugurada. Restabelecido, Fr. Luís
voltou à missão acompanhado de Irmã Semeona, excelente enfermeira.
A principal tarefa a ser realizada em 1923 seria a
construção da residência dos padres. Irmão Bonifácio dedicou todo o seu tempo
na escolha, preparo da madeira e construção da obra que foi finalizada em junho
de 1924. No dia 11 de janeiro desse ano, D. Amando, acompanhado de Fr. Plácido
viajou de Santarém para a missão, lá chegando no dia 12/02. Era o visitante
ansiosamente esperado. D. Amando foi o primeiro bispo a visitar o alto Tapajós,
permanecendo na missão por 10 dias. O seu relato sobre tudo que viu e viveu foi
muito positivo. Concluiu dizendo: “... e no meio de tudo isso, encontrei os
índios tão contentes...”
Em Fevereiro de 1925 os nossos padres Luiz e Hugo
fizeram uma visita missionária aos Kamp-Índios, e contentes voltaram, pois
encontraram grande prontidão para a acolhida da Palavra de Deus. O ano foi
marcado com as celebrações de muitos Sacramentos, onde mesmo os que eram pagãos
revelavam grande desejo de se tornarem Cristãos. No ano de 1926, na Festa dos
Reis Magos, houve uma missa em Ação de Graças pelos benfeitores da Missão, em
especial nos lembramos de nossa Madre Imaculada. Em março deste ano, voltou
Frei Plácido de Santarém e trouxe a visita de Frei Conrado, e para nossa
comunidade, Ir. Martinha. Uma grande festa foi celebrada no dia 25 de Julho, pois foi a Festa Jubilar de
Prata de Frei Hugo. A solenidade atingiu o auge da alegria.
Em 1927, vindo de mais uma viagem da Alemanha, Frei
Plácido e Irmão Bonifácio enfrentaram uma difícil viagem. Havia notícias
assustadoras devido a um motor que havia naufragado nas cachoeiras. Irmão
Bonifácio ficara com o seu motor em Bela Vista, enquanto Frei Plácido e Ir.
Gertrudes, em canoa arriscaram a subida do Tapajós. O júbilo foi grande quando
estes chegaram salvos. Mais tarde, em Agosto, Frei Plácido viaja até “Boca”
para encontrar Irmão Bonifácio que ainda não retornara. A notícia que lhes foi
dada era triste. O Irmão havia falecido quando estava a caminho em 17 de Julho.
Com que alegria ele esperava entregar os presentes da Alemanha. Os caminhos do
Senhor são insondáveis.
No ano de 1928, precisamente em Junho, chega a Missão
Frei João Crisóstomo. Frei João demorou uns meses conosco para organizar a
língua Munduruku, conforme a gramática. Em Janeiro de 1930, o nosso zeloso
missionário, Frei Luiz, que, 20 anos dedicou-se a Missão, deixou-nos e foi
transferido para Alenquer. No dia 08 de Setembro de 1931, júbilo geral reinava,
pois foi inaugurada a nova Capela.
No início dos anos 30, algumas decisões foram tomadas
mediante problemas existentes: como por exemplo a malária, que vinha se fazendo
presente. A doença fora adquirida no Curuai- Santarém. A malária fez vítimas, e
o prefeito de Santarém apelou auxílio das Irmãs. Em Outubro de 1937, o navio de
pequeno porte singrava o Tapajós rio acima levando as Irmãs que, depois de um
mês estariam na Missão.
Em 1938 veio para a Missão Frei Angélico, recentemente
ordenado, muito moço, alegre, decidido a tudo, sempre procurando fazer o outro
feliz. Os índios gostavam muito de Frei Angélico, sua alegria os cativava.
Neste mesmo ano, nossa querida Ir. Simeona foi transferida para Santarém.
Tantos anos dedicou-se à Missão, e deixou saudades, a ponto de os índios chorarem,
especialmente os doentes, a quem ela se doava totalmente. Recebemos também a
triste notícia de nossa querida Madre Imaculada, aquela que foi espelho para
nós missionárias. E em Outubro chegou a hora da despedida, Frei Hugo recebeu
“Obediens” para Santarém, o que lhe custou muito. Disse que sua espinha dorsal
havia quebrado, que preferia morrer aqui, do que deixar para sempre a Missão.
No ano de 1939, Frei Cajetano trouxe de sua terra duas
grandes novidades: uma eletrola, a qual os índios ficaram horas escutando, e
uma bicicleta, pois também era novidade. Neste ano terminaram os trabalhos
principais do “canal”, e agora a missão possuía uma barragem. Outra triste
notícia nos chegou a Missão: era a notícia da morte de nosso pai Dom Amando.
Em Janeiro de 1940 partiu o motor “Cabiará” todo
restaurado à embocadura do rio. Na mesma noite, dois motores ancoraram com
visitantes queridos: Frei Alberto com duas Irmãs: Leonarda e Andrea. Foi
surpresa para nós, pois nada sabíamos das transferências. Igualmente nos
surpreendeu a despedida das nossas Irmãs Martinha e Hedwiges que partiram no
dia 22 de Abril para Santarém. Em Junho veio a boa nova que o próximo motor
traria de volta para a Missão nossa Ir. Simeona.
No ano de 1942, um dia especial e festivo foi o dia 04
de Fevereiro, pois foi inaugurada a turbina e a casa de força, após cinco anos
de duro trabalho. Na casa foi erguido um altar em honra a São José, para
proteger o funcionamento da turbina. Frei Plácido celebrou neste altar a Santa
Missa.
Em 1943, pela 1ª vez voou um Avião sobre a Missão.
Assustados correram as mães com suas crianças para casa. Neste mesmo ano, cumprimentamos Frei Ricardo
como Guardião da Missão. Em 21 de Maio de 1944, o motor “ munduruku”, que pela
1ª vez veio à Missão, trouxe a notícia da morte do bom Frei Hugo, que até a
morte ficou com saudades da Missão. Mesmo distante, dedicou-se ao bem da
Missão, que tinha nele o seu maior benfeitor.
Aos 18 de Março de 1945, festejamos aqui no Cururu, as
Bodas de Prata de Frei Ricardo, guardião da Missão. Em solene procissão, ele
foi levado de sua casa à Capela, para a Missa Solene. E no dia 05 de Abril,
pelas 11 horas da manhã, ouvimos o barulho do motor. Frei Ricardo tocou os
sinos, anunciando a chegada de Madre Pacífica e todos a receberam com alegria.
Oito dias ficou em nosso meio.
Em 04 de Janeiro de 1946, Frei Plácido fez sua missão
no Tapajós, e em 14 deste mesmo mês quando retornou, nos alegrou com a chegada
de Frei Ricardo e das Irmãs Felicitas, Hedwiges e Romana. De volta para
Santarém, o motor levou Ir. Raimunda que fora transferida. A despedida foi
custosa para ela, pois era uma autêntica missionária. E em 1947, foi para a
Missão o “Dia da Luz”, porque pela 1ª vez tivemos aqui luz elétrica um grande
benefício. Em Dezembro voltou o “cabiará” da Barra com visitantes da América. O
Coronel Sr. Bures e sua esposa Ruth. O Coronel era escritor e compôs uma
Biografia do falecido Frei Hugo.
No dia de Pentecostes, em 1948, chegou um motor. Todos
correram ao porto. Era a Ir. Vigária Madre Escolástica. Ao mesmo tempo, um
grande susto, chegou com ela uma Irmã Americana, Ir. Eleanora, e nós cremos que
agora a Missão seria entregue à Comunidade Franciscana da América, devido ao
boato que surgiu, que a Missão deveria ser entregue aos Franciscanos da América
do Norte. Aos poucos tudo se esclareceu, e nós revelamos as Irmãs as nossas
preocupações.
Em Novembro de 1950, sobrevoou um grande avião na
Missão e jogou uma lata lustrosa, cujo conteúdo era uma carta, comunicando a
próxima visita de Madre Pacífica, da Madre Vigária Ir. Escolástica e de Ir.
Luciana, Superiora de Belém, em companhia de Frei Plácido. Nosso “Cabiará”
partiu imediatamente, para buscar na Barra as grandes visitantes. Neste ano também tivemos a visita do
Major Ari e mais cinco oficiais da FAB que fizeram uma pesquisa para construir
uma pista de pouso na Missão. Em 1951, o Bispo Dom Floriano vem a Missão,
acompanhado de Frei Tadeu. Ambos se mostraram contentes e interessados pela
Missão. Mais tarde, antes de regressarem para Santarém, Dom Floriano deixou ordem para iniciar logo a
construção do campo de pouso. Após uns meses, estava pronto e realmente belo e
vasto. No ano de 1952, a 18 de Janeiro, Frei Ricardo recebeu sua obediência de
transferência para Óbidos. A despedida lhe custou bastante, pois gostava muito
da Missão. A instalação de luz elétrica e a construção de muitas casas devemos
a ele, a Frei Plácido e Frei Edmundo. Ao mesmo tempo que Frei Ricardo foi
transferido, chegou a nomeação de Frei Plácido como o novo Superior da Missão,
o que foi motivo de grande alegria.
Em 06 de Janeiro de 1953, ecoou pela Missão; “Motor
Munduruku!”. Grande foi a alegria do povo quando Ir. Romana saiu do motor, e
que agora veio como Superiora. Em 16 de
fevereiro de 1956, aterrissou pela primeira vez um avião na Missão. Havia
muitos soldados. Perguntamos aos soldados porque estavam armados e a resposta foi: “Guerra”. Os
soldados e oficiais dirigiram-se à nossa casa para inspecioná-la, pois o motivo
era que três oficiais inimigos haviam fugido e teriam dirigido-se para a
Missão. Houve Revolução no Norte do Brasil. No ano de 1955 foi a vez de Ir.
Arimatéia ser transferida para a Missão. Juntamente com ela, chegaram também as
Irmãs Jovita e Iolanda. No ano de 1958, precisamente no início de Março, um
Sargento instalou um rádio transmissor na Missão e agora a comunicação poderia
ser feita entre a Missão e Jacareacanga.
No dia 1º de Janeiro de 1964, chegou à Missão o avião
trazendo nossa cara Ir. Otaviana; esta nos deu o prazer de ensaiar diversos
cânticos Litúrgicos. Em Março de 1965, recebemos sem esperar, a visita de nossa
Madre Veneranda que veio acompanhada de Ir. Bernardine. Neste mesmo mês,
recebemos também a visita de nosso
Bispo Dom Thiago, que esteve conosco uma semana. No ano de 1967, Ir. Emiliana veio fazer parte de nossa comunidade na
Missão. E neste mesmo ano foi a primeira estréia da voadeira, que após dois
dias de viagem levou os passageiros a salvo a Jacareacanga. Em 1969,
decidimos não mais manter o internato aqui na Missão. Ao nosso ver, seria melhor
trabalhar com alunas externas.
Em 1973, como todos os anos há transferências, e nossa
comunidade não podia ficar isenta, Ir. Maria da Conceição veio fazer parte de
nossa comunidade. No ano de 1975 houve um Encontro Indígena na Missão Cururu.
Houve a participação de 14 tribos diferentes, inclusive os Mundurukus que foram
em número de 850 índios. Por ocasião do Encontro, foi instalada uma pequena
sala, para assim os visitantes poderem apreciar a Arte Mundurucu. No
ambulatório foram feitas prateleiras, uma pia de lavatório e uma sala que
serviria de enfermaria.
Era o ano de 1976, uma Irmã e um grupo de índios, tomaram parte de um Curso de
Literatura Indígena que foi orientado pelo Instituto Linguístico. Neste ano
foram transferidos para Óbidos: Frei Plácido, Frei Edmundo e Ir. Cristiana.
Então vieram novamente para a Missão Ir. Conceição e Ir. Benwarda.
Em 1983, a Missão foi acometida de grande surto de
malária e por isso visitada por uma equipe da SUCAM, que fez exames e
tratamentos. Nessa época, Ir. Maria José que morava na Missão, viajou a Belém e
fez estágio no laboratório da SUCAM para controle da malária. O ano de 1983
também foi marcado por muitas tensões, por causa de bebidas trazidas dos
garimpos. Os índios já começavam a brigar entre si. No dia 08 de Maio de 1985,
a Missão recebeu a visita do Prof. José Paulo Santa Brígida, Supervisor da 14ª
Delegacia Regional de Educação com sede em Itaituba, a fim de dar assistência a
todas as escolas das malocas que faziam parte da Missão, contratar professores
e promover com eles cursos de 1º grau em sistema de módulo. No dia 15 de Fevereiro de 1986, diante da notícia de pesquisa
mineral na área indígena, os índios se reuniram no PIM (Posto Indígena
Munduruku) e fizeram uma carta denúncia a várias autoridades políticas, civis,
e eclesiásticas, assinadas pelos chefes
que estiveram presentes na reunião. Em
1987, Margarida Crofts que era
protestante da Igreja Metodista e que viveu dezessete anos entre os Mundurukus
estudando e traduzindo o Novo Testamento para a Língua Munduruku deixou a
Missão. Ela prestou-nos grandes serviços no conhecimento da língua. Houve
grande interesse dos índios em possuir o Novo Testamento em sua própria língua.
No dia 1º de março todos os chefes Munduruku se reuniram para falar sobre a
demarcação de suas terras. Dessa reunião escreveram uma carta ao Presidente
Sarney, ao Ministro da Reforma agrária e ao Ministro do Interior. No dia 20 de
março Irmã Helena Calderaro, coordenadora provincial chega à Missão para a sua
primeira visita à comunidade. Com ela veio Irmã Meiriane de Oliveira, jovem
professa que seria um novo membro da comunidade. No dia 30 de Abril, Frei
Haroldo de Grave e Frei Guilherme Radke instalaram um painel solar no nosso
jardim a fim de captar energia do sol e fornecer luz de bateria para a nossa
casa. Foram instalada luzes com energia captada por este painel nos dormitórios
das Irmãs e dos hóspedes, cozinha e ambulatório. Em 11 de Março de 1988, depois
de servir sete anos na Missão onde exerceu o cargo de enfermeira e superiora,
Ir. Maria José Alves de Lima foi transferida para a comunidade de Belém onde
exercerá o cargo de Assistente da Superiora Provincial. O início do mês de
setembro nos trouxe uma triste notícia sobre o falecimento de Frei Ervano
Reichert, que durante nove anos trabalhou na Missão. Ele faleceu no dia 27 de
Agosto. Suas principais atividades na Missão foram: A luta para conseguir a
licença da FUNAI para tratar no local os índios com tuberculose; orientação
para os índios trabalharem na cooperativa; diversas construções e melhoramentos
nas casas; introdução ao uso do dinheiro entre os índios, e ensinou vários
deles a fazerem instalações elétricas e a cuidar dos motores. No dia 02 de Outubro de 1988, a Missão que era ligada a Santarém passou a
pertencer a Prelazia de Itaituba.
No dia 10 de Fevereiro de 1989, recebemos pela primeira vez a visita de Dom Capistrano Heim,
Bispo da Prelazia de Itaituba, a qual a Missão pertence. Em Março, chegaram num
avião teco-teco algumas pessoas da Eletro-Norte, companhia que está fazendo
estudo dos rios para a construção de Hidrelétricas e barragens.
Em Abril de 1990,
Frei Raimundo, Frei Evaldo Melz, Ir. Helena Calderaro e Ir. Conceição Rocha
iniciaram um cursinho de orientação Bíblica para os índios. E no mês de Maio,
ganhamos da FAB um aparelho de FONIA
que ficará instalado em Santarém. Aqui ficamos com o rádio telefone que
servirá como receptor e transmissor. No dia 22 de Junho, Frei Gilberto chegou para substituir Frei Raimundo que foi
transferido. No dia 27 de Abril de 1991,
recebemos a notícia de que haveria eleições na Missão para o plebiscito. Os
moradores de Jacareacanga queriam que a vila passasse a ser município. No dia
28 foi realizada a eleição. Neste mesmo dia recebemos a notícia do falecimento
de Madre Veneranda. Em Maio, Frei Gilberto e Osvaldo Waru, instalaram a luz
elétrica na Missão Velha. Em Setembro de 1995,
houve uma reunião no posto Munduruku, com a finalidade de melhorar a vida dos
índios. SEDUC e IBAMA, apresentaram alguns projetos. O IBAMA se dispôs a ajudar
a construir uma mini-usina para beneficiar a castanha e a SEDUC prometeu
material escolar e até uma antena parabólica a fim de melhorar a aprendizagem
dos índios. Irmã Thaís de Queiroz viveu na Missão de 1997 a 2006. Durante esse
tempo ela foi professora e diretora da escola da Missão e fez um bom trabalho
na educação dos indígenas, inclusive foi ela que iniciou a educação
diferenciada nas escolas das aldeias e da Missão São Francisco. Por questões
políticas o prefeito de Jacareacanga afastou-a da escola. Em 2006 ela foi
transferida para a comunidade de Itaituba. No mês de Outubro grande número de
doentes na Missão, especialmente entre as crianças. Apareceu um surto de
coqueluche entre elas e até crianças vacinadas contraíram a doença. Por este
motivo, em Dezembro, uma equipe de vacinação da FUNAI/FNS chegou e vacinou no
mesmo dia as crianças na Missão. Vacinaram algumas aldeias e deixaram sete
aldeias para Ir. Conceição vacinar.
No ano de 2000, Fr. Heriberto Rembeck, OFM, visitador,
sugeriu que se abrisse uma fraternidade dos frades na cidade de Jacareacanga,
como ponto central para atender as aldeias indígenas dos rios: das Tropas,
Kabitutu, Kadiriri, Tapajós e Teles Pires. Essa proposta foi concretizada a
partir de março de 2001, com a presença de dois frades: Amarildo e Juraci.
No dia 30 de Janeiro de 2001, a equipe de trabalhadores da prefeitura deu por encerrada a
construção da escola e da quadra de esportes da Missão. Às 17 horas e trinta
minutos todos nos reunimos no prédio escolar para a cerimônia que constou da
celebração da Santa Missa, e em seguida, Dom Capistrano benzeu as salas de aula
e houve o hasteamento da bandeira. Em
Abril de 2001 finalmente aconteceu o início da demarcação das terras dos
Munduruku. Em Janeiro de 2002,
recebemos a notícia do falecimento de Frei Raimundo Crone que trabalhou na
Missão de Maio de 1984 a Junho de 1990. Durante esses anos, ele tentou melhorar
a situação da cooperativa, ajudando por compaixão as mulheres, carregando no
trator a mandioca pesada que elas traziam da roça nas costas. Plantou árvores
frutíferas por toda a Missão e repartia para quem queria plantar nas aldeias.
Em Fevereiro de 2002, Frei Ricardo Duffy, Frei Juracy e Ir. Helena Calderaro
vieram visitar-nos e fazer uma reunião com a comunidade missionária. Na reunião
foi apresentado o assunto principal que era montar uma equipe com missionários
que atuam e atuaram na área indígena. Em seguida foi apresentada a necessidade
de se fazer uma avaliação da nossa prática missionária e fazer um estudo científico da presença
Franciscana, Irmãs e Frades, entre os Munduruku nesses 90 anos. Essa avaliação
teria a assessoria do CIMI (Conselho Indigenista Missionário). Com o resultado
dessa avaliação e o parecer dos assessores do CIMI, Pe. Nello Ruffaldi, Ir. Rebeca
e Pe. Paulo Suess começa a história da Aliança Francisclariana).
2003
transcorreu dentro da
normalidade, mas alguns acontecimentos marcaram a vida na Missão, como o
falecimento de Irmã Romana Paiva,
que por muitos anos serviu na missão com muita dedicação e era muito
estimada pelos indígenas. No dia 18.03.2003 foi concluída a construção
da nova igreja da Missão que fora construída por 08 indígenas com a orientação
de Fr. Gilberto Wood num espaço de oito anos. A inauguração só aconteceu no dia
04.10, na festa de são Francisco com a bênção de D. Capistrano, bispo de
Itaituba. Outra morte que abalou o povo da missão foi a do cacique Silvério
Kaba no dia 09.06 após tentativa de tratamento em Jacareacanga, mas sem
resultado. Ele foi substituído pelo seu filho Solano Kaba no cargo de cacique.
No dia 14/08 Frei Gilberto Wood e Ir. Conceição viajam a fim de participarem de
um encontro sobre o futuro da Missão com o Padre Paulo Suess. Foram estudados
projetos, avaliadas propostas e documentos, feitos questionamentos e
trabalhados os desafios. No dia 28/08, depois de oito anos de trabalho, Frei
Gilberto e os índios concluíram a Igreja da Missão. Em outubro de 2003, Ir.
Helena enviou uma carta a comunidade fazendo uma sondagem a fim de que se possa
firmar a aliança entre leigos e missionários, incluindo LEMIC´S e indígenas. O
novo projeto tem como objetivo revigorar a presenças missionária
francisclariana junto aos povos indígenas do Rio Tapajós, cultivando uma missão
nova através de alianças que se comprometem com uma nova metodologia que
respeite o protagonismo indígena com uma evangelização inculturada. Neste mesmo
mês, a Liderança Provincial das Smic, elaboraram em Alenquer, o projeto de
criação de uma frente missionária
em Jacareacanga.
Em Janeiro de 2004, Ir. Arimatéia Marques do Vale necessitou se ausentar da
Missão para tratamento de saúde. Em Abril, Ir. Arimatéia retornou a Missão para
se despedir dos índios antes de seguir para a sua nova comunidade. Somos gratas
a Ir. Arimatéia por todos esses anos de total dedicação á Missão. Ir. Arimatéia
serviu a Missão durante 34 anos. No dia 25/04, Frei Gilberto Wood, Ir. Cláudia
Regina Carlos de Morais e Ir. Conceição Rocha foram fazer visita pastoral a
aldeia Boca da Estrada, onde
algumas famílias indígenas moram para fazer a vigilância da área Munduruku, que
já está demarcada e homologada.
Em Fevereiro de 2005, Ir. Emiliana foi transferida para a comunidade paz e Bem em
Jacareacanga. Durante os 38 anos que trabalhou na Missão trabalhou com muita
dedicação e zelo. Em Março, Frei Alex, Frei Paixão e mais três Franciscanos
vieram fazer um documentário do trabalho dos frades na Missão. Fizeram filmagem
e entrevista com Frei Gilberto e as Irmãs. No dia 09/09, chegam os frades e
irmãs da Aliança Francisclariana para o estudo da cartilha da Aliança. Os
Missionários da Missão tiveram a oportunidade de apresentar as necessidades da
Missão.
No dia 14 de Janeiro de 2006, a comunidade festejou com muita
alegria os 80 anos de Frei Gilberto Wood, que mesmo com problemas de saúde
nunca deixa de realizar os Sacramentos, seja longe ou perto. No dia 20/02 chega
Ir. Cláudia Regina para fazer um estágio e pesquisa para sua monografia do
curso de Serviço Social na Missão. No dia 15/05, os Frades de Jacareacanga e
Santarém, as Irmãs que formam a Aliança Francisclariana chegaram a Missão para
uma reunião da executiva e da Aliança em geral. Estavam presentes: Frei João
Schwiters, Frei Manoel Lima, Frei Amarildo Mascarenhas, Frei Amauri Pereira,
Frei Gilberto Wood que é vigário da Missão, e veio também Claudemir o
coordenador do CIMI. Estavam também presentes as Irmãs Helena Calderaro,
Isaldete Alemeida, Petronila de Sousa, e as Irmãs que trabalham na Missão, Ir.
Thaís, Ir. Cláudia e Ir. Conceição. Nessa reunião foi discutida a situação de
carência de pessoal para compor as comunidades da Missão e Jacareacanga. Diante
dessa situação, Irmã Helena Calderaro que havia deixado o ofício de Provincial,
por coerência e compromisso com a aliança, optou para
morar na Missão. No dia 10/09/06 chega Ir. Helena Calderaro para fazer parte da
comunidade da Missão, onde ficou apenas dois anos, pois em 2009, por problemas
de saúde, ela foi para a comunidade de Jacareacanga.
No dia 31 de Janeiro de 2007, Ir. Petronila Soares,
Coordenadora Provincial, conseguiu junto ao Senhor Brigadeiro da Força Aérea
Brasileira um avião para trazer a Coordenadora Geral Ir. Verônica Lee, Ir.
Maria do Livramento, Conselheira Geral e Ir. Eulina Hosoi, membro da comunidade
de Itaituba. Chegaram debaixo de um mau tempo bem forte. Sobrevoaram a Missão e
regressaram a Jacareacanga por não terem conseguido ver a pista. Depois que
comunicamos via rádio que o tempo havia melhorado, eles se deslocaram de
Jacareacanga e chegaram na Missão às 16 horas. No dia 11 de Fevereiro de 2007, recebemos a notícia de que Frei
Miguel Kellet O.F.M, estava gravemente doente de câncer e tinha pouco tempo de
vida. Ele trabalhou na Missão e
foi muito querido e respeitado pelos índios. Em fevereiro de 2007 Irmã Mirna
Dias chegou também para fazer parte da comunidade da Missão e assumiu a
administração da escola por três anos. 04.10, festa de São Francisco, que é
sempre bem celebrada na Missão. Nesse dia à tarde chegou um avião trazendo
alguns políticos e entre esses o Senador da República pelo Pará, Sr. Flexa
Ribeiro e o deputado José Megalli. Fizeram muitas promessas de melhoramentos
para a missão, mas poucas foram cumpridas.
Em 04 de março de 2008
chegou Irmã Marta Helena de Carvalho, juniorista da Província de Salvador
para fazer sua experiência de imersão na Missão. Ela com satisfação começou
logo as aulas de português na escola e foi uma boa ajuda para Irmã Mirna e para
os indígenas.
Em Março de 2009 chegou a comunidade Ir. Nilma Helena Alfaia, da Congregação
das Irmãs de Maristella, que veio fazer uma experiência entre o povo Munduruku.
Ir. Nilma é enfermeira e irá trabalhar pela FUNASA. Em Novembro de 2009, chegou
um grupo de Irmãs e Frades na Voadeira Francisclariana, para participarem da V
Assembléia da Aliança Missionária Francisclariana.No dia seguinte chegaram os
outros membros de avião pela manhã e a tarde houve a abertura oficial da
Assembléia, que teve a duração de três dias, incluindo estudo com a comunidade
indígena, sobre Hidrelétricas no Tapajós, avaliação e planejamento das Irmãs e
Frades sobre a Missão entre os Munduruku, visita a Aldeia Missão Velha. No dia
04 de Março de 2010 chegou Ir.
Cláudia Regina como novo membro da comunidade e dia 11 chegou Ir. Josefa Nery,
da Província de Santa Cruz para uma experiência de dois anos. Em Agosto, depois
de muitos anos de espera, no dia 14 chegou uma equipe do estado com a tarefa de
implantar o Ensino Médio na Missão.
Tenho algumas poucas fotos antigas da Missao Sao Francisco do Rio Cururu, 1971. Posso enviar por email a titulo de doacao.
ResponderExcluirCaro Eddie,
ResponderExcluirSe puder me enviar, agradeço!
E-mail:
Tenho 3 relatos de visitas aos Munduruku:
http://wspaginas.blogspot.com.br/2010/03/historia-carmelita.html
Um abraço
Fui destacado pela FAB na missão Cururu no ano de 1978. Faziam parte da missão Frei Víctor, ir. Antônia,ir. Conceição e ir. Arimatéia. Conheci também o Osvaldo waru, o Bernardo E OUTROS. Foi muito bem
ResponderExcluirCaro Raimundo Nonato,
ExcluirObrigado pelo seu comentário!
A Ir. Conceição continua l.á Chegou em 1973 e trabalhou por muitos anos como enfermeira
A FAB prestou relevantes serviços aos índios Munduruku e à missão no rio Cururu. Parabéns por ter participado de todo aquele belo trabalho. Infelizmente a FAB não está mais presente ali.
Meu pai, José Siqueira dos Santos (Zuza), trabalhou com os padres nessa missão, quando jovem. Ele nos contou um pouco de sua convivência com pioneiros da Missão São Francisco, no rio Cururu.
ExcluirJosé S. Santos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExplique-me a razão de ter removido o comentário sobre a convivência do meu pai com Missionários.
ExcluirQuem removeu o comentário foi você mesmo. A mensagem é clara: "Este comentário foi removido pelo autor." Quem é o autor do comentário? É o próprio "Jos". Se você apagou sem querer, escreva de novo. O comentário só enriquece a página.
ExcluirParabéns participação de todos os trabalhos área munduruku fime caros irmãos, muito obrigado trabalho de vcs minha terra mundurukanda .xipat.
ResponderExcluirXipat!
ExcluirGosto muito de ir visitar os Munduruku. Minha última visita no rio Cururu foi em março deste ano.
Que Deus abençoe todo o povo Munduruku e todos os indígenas do Brasil!
A CASA ESTILO ALEMÃ, É CONSTRUÍDA NO MODELO ENXAMEL, QUE FEITA DE MADEIRA SEM USO DE FERRO ENPREGOS? SENDO SOMENTE ENCAIXADAS COMO TEMOS EM POMERODE?
ResponderExcluirExatamente. Os primeiros missionários eram alemães e por isso quando se mudaram para o local onde está a Missão, no início dos anos de 1920, construíram a casa em estilo alemão.
ExcluirVocê me deu a ideia de colocar a foto. Muito obrigado!