terça-feira, 21 de agosto de 2012

MISSÃO SÃO FRANCISCO DO RIO CURURU



A MISSÃO SÃO FRANCISCO DO RIO CURURU

Ir. Helena Calderaro, SMIC

      HISTÓRICO A Missão São Francisco, localizada à margem esquerda do rio Cururu, afluente direito do rio Tapajós, foi iniciada em julho de 1911, quando Fr. Hugo Mense e Fr. Luís Wand, OFM, após viagem de sessenta dias, aportaram na região da Missão Velha, situada à margem direita do rio Cururu. Ao chegarem não entraram logo na aldeia, mas construíram um barraco à beira do rio, esperando que os nativos se aproximassem, o que aconteceu uma semana depois quando eles resolveram tocar flauta e cantar. Imediatamente, os indígenas, bastante curiosos começaram a se aproximar: primeiramente os homens depois as mulheres e as crianças. Nesse primeiro contato o então chefe da aldeia, João Wakapã convidou os dois frades para que fossem com eles. Lá chegando, encontraram indígenas vestidos com farrapos de pano e outros já viciados em bebida alcoólica, devido os regatões que pagavam com cachaça os serviços prestados pelos indígenas, como a colheita de castanha e borracha.
Os frades, sozinhos, sentiam muitas dificuldades missionárias, por isso pediram ao bispo D. Amando Bahlmann que enviasse algumas Irmãs da Congregação recém fundada em Santarém o que foram logo atendidos. No dia 01º/05/1912 três religiosas, “pioneiras da Missão” (Madre Coleta, superiora, Irs. Cecília e Ágata, noviças) viajaram de Santarém para a Missão, onde chegaram em 05/07/1912. Lá chegando abriram logo uma escola e começaram a cuidar dos doentes. Isso fez com que Fr. Hugo afirmasse que a Missão somente foi fundada quando as Irmãs chegaram.
Nesse início, Fr. Hugo dedicou seu tempo em viagens pelo rio e pela mata para conhecer toda a área, enquanto Fr. Luís dava assistência à missão, provendo a subsistência das Irmãs. No fim do ano Fr. Luís precisou retornar a Santarém para cuidar da saúde que estava muito fragilizada pelos constantes ataques de malária. Solicitou e recebeu licença de viajar para a Alemanha para tratamento e esmolar em favor da missão. Ele viajou em maio de 1914 em companhia de D. Amando Bahlmann. Logo em Agosto rompeu a 1ª Guerra Mundial que atingiu de cheio a vida da Missão e retardou o seu progresso. Lá permaneciam Fr. Hugo e as três Irmãs. As condições de instalações eram por demais precárias e isso tornava a vida muito difícil. Somente a Caridade de Cristo e a determinação desses missionários motivou a sobrevivência da Missão nesse período. Em 1915 D. Amando regressou à Prelazia, mas Fr. Luís teve que ficar na Alemanha e nada conseguiu para a missão e sem esse auxílio esta não poderia continuar. Em setembro, Fr. Plácido Toelle, fez sua primeira visita à Missão. A alegria da sua presença foi bálsamo confortador...
Em 1917, a missão recebeu pela primeira vez a visita do Provincial, Fr. Eduardo Herberhold, que mais tarde viria a ser bispo auxiliar de D. Amando, acompanhado de Fr. Plácido que já estava “namorando” com a missão. O Provincial regressou a Santarém prometendo mandar mais um frade e um Irmão para a missão, além de auxílio material. A promessa foi cumprida, pois em abril de 1918, acompanhado do Irmão Berardo Erkmann, Fr. Plácido Toelle chegava à Missão não mais para visitá-la mas para uma doação total.
No decorrer desses primeiros anos foi se firmando a idéia da impraticabilidade da Missão continuar no local em que se estabelecera. A terra não era boa para a lavoura e a distância da beira do rio era um entrave que dificultava o acesso à missão. Tornava-se necessário escolher outro local, mas as condições financeiras não possibilitavam fazer essa mudança. Fr. Luís continuava retido na Alemanha e a situação da missão se agravava por falta de recursos. Premidos por essa situação, os padres e as religiosas, em janeiro de 1919, voltaram a Santarém a espera do auxílio necessário à continuação da obra iniciada. Essa ausência da Missão durou quase um ano, pois só em dezembro os missionários regressaram à Missão, (eram dois frades, quatro Irmãs, cinco crianças indígenas e dois cachorros), chegando lá no dia 22/12/1919, após uma viagem de quatro semanas. Fr. Hugo já havia ido na frente e quando os outros chegaram foram recebidos com o tocar dos sinos que anunciavam o recomeço da Missão para maior glória de Deus. Irmão Berardo adoeceu em viagem mas mesmo assim empregou todas as forças para continuar as obras iniciadas. Durante sua enfermidade não lhe faltou o conforto dos padres, das Irmãs e dos índios. Mas tudo em vão, pois ele veio a falecer no dia 20/02/1920. Sua morte foi uma grande perda para a missão, exatamente no momento que estava decidido a mudança do local da missão. Coube a Fr. Plácido encontrar  mais acima o lugar onde seria construída a Missão Nova. Ficava à margem esquerda do rio Cururu, no local conhecido por “Terra Preta”, à beira do rio, um pouco abaixo do lago da Cigana. No dia 1º/03/1920 os trabalhos foram iniciados com quatro homens “civilizados” contratados para esse fim, sob o comando de Fr. Plácido. Em setembro as plantações estavam concluídas. Em outubro Fr. Plácido viajou a Santarém com a finalidade de trazer o Irmão Bonifácio Budde que iria substituir Irmão Berardo. Seu regresso à missão deu-se em janeiro de 1921, acompanhado do Ir. Bonifácio e mais Ir. Gertrudes para assumir a sala de costura. Em maio foi a vez de Fr. Hugo descer até Santarém e lá teve a alegria de encontrar Fr. Luís que havia regressado da sua longa estada na Alemanha, muito satisfeito com o que arranjara para a missão. Em maio de 1922 frei Luís doente regressou a Santarém e foi substituído por Fr. Dimas Wolf. Nesse ano Madre Coleta retirou-se da Missão e em seu lugar foi Ir. Crescência. No Natal de 1922, depôs de anos de luta, a casa das Irmãs foi inaugurada. Restabelecido, Fr. Luís voltou à missão acompanhado de Irmã Semeona, excelente enfermeira.
A principal tarefa a ser realizada em 1923 seria a construção da residência dos padres. Irmão Bonifácio dedicou todo o seu tempo na escolha, preparo da madeira e construção da obra que foi finalizada em junho de 1924. No dia 11 de janeiro desse ano, D. Amando, acompanhado de Fr. Plácido viajou de Santarém para a missão, lá chegando no dia 12/02. Era o visitante ansiosamente esperado. D. Amando foi o primeiro bispo a visitar o alto Tapajós, permanecendo na missão por 10 dias. O seu relato sobre tudo que viu e viveu foi muito positivo. Concluiu dizendo: “... e no meio de tudo isso, encontrei os índios tão contentes...”

Casa dos padres construída em estilo alemão

Em Fevereiro de 1925 os nossos padres Luiz e Hugo fizeram uma visita missionária aos Kamp-Índios, e contentes voltaram, pois encontraram grande prontidão para a acolhida da Palavra de Deus. O ano foi marcado com as celebrações de muitos Sacramentos, onde mesmo os que eram pagãos revelavam grande desejo de se tornarem Cristãos. No ano de 1926, na Festa dos Reis Magos, houve uma missa em Ação de Graças pelos benfeitores da Missão, em especial nos lembramos de nossa Madre Imaculada. Em março deste ano, voltou Frei Plácido de Santarém e trouxe a visita de Frei Conrado, e para nossa comunidade, Ir. Martinha. Uma grande festa foi celebrada no dia 25  de Julho, pois foi a Festa Jubilar de Prata de Frei Hugo. A solenidade atingiu o auge da alegria.
Em 1927, vindo de mais uma viagem da Alemanha, Frei Plácido e Irmão Bonifácio enfrentaram uma difícil viagem. Havia notícias assustadoras devido a um motor que havia naufragado nas cachoeiras. Irmão Bonifácio ficara com o seu motor em Bela Vista, enquanto Frei Plácido e Ir. Gertrudes, em canoa arriscaram a subida do Tapajós. O júbilo foi grande quando estes chegaram salvos. Mais tarde, em Agosto, Frei Plácido viaja até “Boca” para encontrar Irmão Bonifácio que ainda não retornara. A notícia que lhes foi dada era triste. O Irmão havia falecido quando estava a caminho em 17 de Julho. Com que alegria ele esperava entregar os presentes da Alemanha. Os caminhos do Senhor são insondáveis.
No ano de 1928, precisamente em Junho, chega a Missão Frei João Crisóstomo. Frei João demorou uns meses conosco para organizar a língua Munduruku, conforme a gramática. Em Janeiro de 1930, o nosso zeloso missionário, Frei Luiz, que, 20 anos dedicou-se a Missão, deixou-nos e foi transferido para Alenquer. No dia 08 de Setembro de 1931, júbilo geral reinava, pois foi inaugurada a nova Capela.
No início dos anos 30, algumas decisões foram tomadas mediante problemas existentes: como por exemplo a malária, que vinha se fazendo presente. A doença fora adquirida no Curuai- Santarém. A malária fez vítimas, e o prefeito de Santarém apelou auxílio das Irmãs. Em Outubro de 1937, o navio de pequeno porte singrava o Tapajós rio acima levando as Irmãs que, depois de um mês estariam na Missão.
Em 1938 veio para a Missão Frei Angélico, recentemente ordenado, muito moço, alegre, decidido a tudo, sempre procurando fazer o outro feliz. Os índios gostavam muito de Frei Angélico, sua alegria os cativava. Neste mesmo ano, nossa querida Ir. Simeona foi transferida para Santarém. Tantos anos dedicou-se à Missão, e deixou saudades, a ponto de os índios chorarem, especialmente os doentes, a quem ela se doava totalmente. Recebemos também a triste notícia de nossa querida Madre Imaculada, aquela que foi espelho para nós missionárias. E em Outubro chegou a hora da despedida, Frei Hugo recebeu “Obediens” para Santarém, o que lhe custou muito. Disse que sua espinha dorsal havia quebrado, que preferia morrer aqui, do que deixar para sempre a Missão.
No ano de 1939, Frei Cajetano trouxe de sua terra duas grandes novidades: uma eletrola, a qual os índios ficaram horas escutando, e uma bicicleta, pois também era novidade. Neste ano terminaram os trabalhos principais do “canal”, e agora a missão possuía uma barragem. Outra triste notícia nos chegou a Missão: era a notícia da morte de nosso pai Dom Amando.
Em Janeiro de 1940 partiu o motor “Cabiará” todo restaurado à embocadura do rio. Na mesma noite, dois motores ancoraram com visitantes queridos: Frei Alberto com duas Irmãs: Leonarda e Andrea. Foi surpresa para nós, pois nada sabíamos das transferências. Igualmente nos surpreendeu a despedida das nossas Irmãs Martinha e Hedwiges que partiram no dia 22 de Abril para Santarém. Em Junho veio a boa nova que o próximo motor traria de volta para a Missão nossa Ir. Simeona.
No ano de 1942, um dia especial e festivo foi o dia 04 de Fevereiro, pois foi inaugurada a turbina e a casa de força, após cinco anos de duro trabalho. Na casa foi erguido um altar em honra a São José, para proteger o funcionamento da turbina. Frei Plácido celebrou neste altar a Santa Missa.
Em 1943, pela 1ª vez voou um Avião sobre a Missão. Assustados correram as mães com suas crianças para casa. Neste  mesmo ano, cumprimentamos Frei Ricardo como Guardião da Missão. Em 21 de Maio de 1944, o motor “ munduruku”, que pela 1ª vez veio à Missão, trouxe a notícia da morte do bom Frei Hugo, que até a morte ficou com saudades da Missão. Mesmo distante, dedicou-se ao bem da Missão, que tinha nele o seu maior benfeitor.
Aos 18 de Março de 1945, festejamos aqui no Cururu, as Bodas de Prata de Frei Ricardo, guardião da Missão. Em solene procissão, ele foi levado de sua casa à Capela, para a Missa Solene. E no dia 05 de Abril, pelas 11 horas da manhã, ouvimos o barulho do motor. Frei Ricardo tocou os sinos, anunciando a chegada de Madre Pacífica e todos a receberam com alegria. Oito dias ficou em nosso meio.
Em 04 de Janeiro de 1946, Frei Plácido fez sua missão no Tapajós, e em 14 deste mesmo mês quando retornou, nos alegrou com a chegada de Frei Ricardo e das Irmãs Felicitas, Hedwiges e Romana. De volta para Santarém, o motor levou Ir. Raimunda que fora transferida. A despedida foi custosa para ela, pois era uma autêntica missionária. E em 1947, foi para a Missão o “Dia da Luz”, porque pela 1ª vez tivemos aqui luz elétrica um grande benefício. Em Dezembro voltou o “cabiará” da Barra com visitantes da América. O Coronel Sr. Bures e sua esposa Ruth. O Coronel era escritor e compôs uma Biografia do falecido Frei Hugo.
No dia de Pentecostes, em 1948, chegou um motor. Todos correram ao porto. Era a Ir. Vigária Madre Escolástica. Ao mesmo tempo, um grande susto, chegou com ela uma Irmã Americana, Ir. Eleanora, e nós cremos que agora a Missão seria entregue à Comunidade Franciscana da América, devido ao boato que surgiu, que a Missão deveria ser entregue aos Franciscanos da América do Norte. Aos poucos tudo se esclareceu, e nós revelamos as Irmãs as nossas preocupações.
Em Novembro de 1950, sobrevoou um grande avião na Missão e jogou uma lata lustrosa, cujo conteúdo era uma carta, comunicando a próxima visita de Madre Pacífica, da Madre Vigária Ir. Escolástica e de Ir. Luciana, Superiora de Belém, em companhia de Frei Plácido. Nosso “Cabiará” partiu imediatamente, para buscar na Barra  as grandes visitantes. Neste ano também tivemos a visita do Major Ari e mais cinco oficiais da FAB que fizeram uma pesquisa para construir uma pista de pouso na Missão. Em 1951, o Bispo Dom Floriano vem a Missão, acompanhado de Frei Tadeu. Ambos se mostraram contentes e interessados pela Missão. Mais tarde, antes de regressarem para  Santarém, Dom Floriano deixou ordem para iniciar logo a construção do campo de pouso. Após uns meses, estava pronto e realmente belo e vasto. No ano de 1952, a 18 de Janeiro, Frei Ricardo recebeu sua obediência de transferência para Óbidos. A despedida lhe custou bastante, pois gostava muito da Missão. A instalação de luz elétrica e a construção de muitas casas devemos a ele, a Frei Plácido e Frei Edmundo. Ao mesmo tempo que Frei Ricardo foi transferido, chegou a nomeação de Frei Plácido como o novo Superior da Missão, o que foi motivo de grande alegria.
Em 06 de Janeiro de 1953, ecoou pela Missão; “Motor Munduruku!”. Grande foi a alegria do povo quando Ir. Romana saiu do motor, e que agora veio como Superiora. Em 16 de fevereiro de 1956, aterrissou pela primeira vez um avião na Missão. Havia muitos soldados. Perguntamos aos soldados porque estavam  armados e a resposta foi: “Guerra”. Os soldados e oficiais dirigiram-se à nossa casa para inspecioná-la, pois o motivo era que três oficiais inimigos haviam fugido e teriam dirigido-se para a Missão. Houve Revolução no Norte do Brasil. No ano de 1955 foi a vez de Ir. Arimatéia ser transferida para a Missão. Juntamente com ela, chegaram também as Irmãs Jovita e Iolanda. No ano de 1958, precisamente no início de Março, um Sargento instalou um rádio transmissor na Missão e agora a comunicação poderia ser feita entre a Missão e Jacareacanga.
No dia 1º de Janeiro de 1964, chegou à Missão o avião trazendo nossa cara Ir. Otaviana; esta nos deu o prazer de ensaiar diversos cânticos Litúrgicos. Em Março de 1965, recebemos sem esperar, a visita de nossa Madre Veneranda que veio acompanhada de Ir. Bernardine. Neste mesmo mês, recebemos também a visita de nosso  Bispo Dom Thiago, que esteve conosco uma semana. No ano de 1967, Ir. Emiliana veio fazer parte de nossa comunidade na Missão. E neste mesmo ano foi a primeira estréia da voadeira, que após dois dias de viagem levou os passageiros a salvo a Jacareacanga. Em 1969, decidimos não mais manter o internato aqui na Missão. Ao nosso ver, seria melhor trabalhar com alunas externas.
Em 1973, como todos os anos há transferências, e nossa comunidade não podia ficar isenta, Ir. Maria da Conceição veio fazer parte de nossa comunidade. No ano de 1975 houve um Encontro Indígena na Missão Cururu. Houve a participação de 14 tribos diferentes, inclusive os Mundurukus que foram em número de 850 índios. Por ocasião do Encontro, foi instalada uma pequena sala, para assim os visitantes poderem apreciar a Arte Mundurucu. No ambulatório foram feitas prateleiras, uma pia de lavatório e uma sala que serviria de enfermaria.
Era o ano de 1976, uma  Irmã e um grupo de índios, tomaram parte de um Curso de Literatura Indígena que foi orientado pelo Instituto Linguístico. Neste ano foram transferidos para Óbidos: Frei Plácido, Frei Edmundo e Ir. Cristiana. Então vieram novamente para a Missão Ir. Conceição e Ir. Benwarda.
Em 1983, a Missão foi acometida de grande surto de malária e por isso visitada por uma equipe da SUCAM, que fez exames e tratamentos. Nessa época, Ir. Maria José que morava na Missão, viajou a Belém e fez estágio no laboratório da SUCAM para controle da malária. O ano de 1983 também foi marcado por muitas tensões, por causa de bebidas trazidas dos garimpos. Os índios já começavam a brigar entre si. No dia 08 de Maio de 1985, a Missão recebeu a visita do Prof. José Paulo Santa Brígida, Supervisor da 14ª Delegacia Regional de Educação com sede em Itaituba, a fim de dar assistência a todas as escolas das malocas que faziam parte da Missão, contratar professores e promover com eles cursos de 1º grau em sistema de módulo. No dia 15 de Fevereiro de 1986, diante da notícia de pesquisa mineral na área indígena, os índios se reuniram no PIM (Posto Indígena Munduruku) e fizeram uma carta denúncia a várias autoridades políticas, civis, e eclesiásticas, assinadas pelos chefes que estiveram presentes na reunião. Em 1987, Margarida Crofts que era protestante da Igreja Metodista e que viveu dezessete anos entre os Mundurukus estudando e traduzindo o Novo Testamento para a Língua Munduruku deixou a Missão. Ela prestou-nos grandes serviços no conhecimento da língua. Houve grande interesse dos índios em possuir o Novo Testamento em sua própria língua. No dia 1º de março todos os chefes Munduruku se reuniram para falar sobre a demarcação de suas terras. Dessa reunião escreveram uma carta ao Presidente Sarney, ao Ministro da Reforma agrária e ao Ministro do Interior. No dia 20 de março Irmã Helena Calderaro, coordenadora provincial chega à Missão para a sua primeira visita à comunidade. Com ela veio Irmã Meiriane de Oliveira, jovem professa que seria um novo membro da comunidade. No dia 30 de Abril, Frei Haroldo de Grave e Frei Guilherme Radke instalaram um painel solar no nosso jardim a fim de captar energia do sol e fornecer luz de bateria para a nossa casa. Foram instalada luzes com energia captada por este painel nos dormitórios das Irmãs e dos hóspedes, cozinha e ambulatório. Em 11 de Março de 1988, depois de servir sete anos na Missão onde exerceu o cargo de enfermeira e superiora, Ir. Maria José Alves de Lima foi transferida para a comunidade de Belém onde exercerá o cargo de Assistente da Superiora Provincial. O início do mês de setembro nos trouxe uma triste notícia sobre o falecimento de Frei Ervano Reichert, que durante nove anos trabalhou na Missão. Ele faleceu no dia 27 de Agosto. Suas principais atividades na Missão foram: A luta para conseguir a licença da FUNAI para tratar no local os índios com tuberculose; orientação para os índios trabalharem na cooperativa; diversas construções e melhoramentos nas casas; introdução ao uso do dinheiro entre os índios, e ensinou vários deles a fazerem instalações elétricas e a cuidar dos motores. No dia 02 de Outubro de 1988, a Missão que era ligada a Santarém passou a pertencer a Prelazia de Itaituba.
No dia 10 de Fevereiro de 1989, recebemos pela primeira vez a visita de Dom Capistrano Heim, Bispo da Prelazia de Itaituba, a qual a Missão pertence. Em Março, chegaram num avião teco-teco algumas pessoas da Eletro-Norte, companhia que está fazendo estudo dos rios para a construção de Hidrelétricas e barragens.
Em Abril de 1990, Frei Raimundo, Frei Evaldo Melz, Ir. Helena Calderaro e Ir. Conceição Rocha iniciaram um cursinho de orientação Bíblica para os índios. E no mês de Maio, ganhamos da FAB um aparelho de FONIA  que ficará instalado em Santarém. Aqui ficamos com o rádio telefone que servirá como receptor e transmissor. No dia 22 de Junho, Frei Gilberto chegou para substituir Frei Raimundo que foi transferido. No dia 27 de Abril de 1991, recebemos a notícia de que haveria eleições na Missão para o plebiscito. Os moradores de Jacareacanga queriam que a vila passasse a ser município. No dia 28 foi realizada a eleição. Neste mesmo dia recebemos a notícia do falecimento de Madre Veneranda. Em Maio, Frei Gilberto e Osvaldo Waru, instalaram a luz elétrica na Missão Velha. Em Setembro de 1995, houve uma reunião no posto Munduruku, com a finalidade de melhorar a vida dos índios. SEDUC e IBAMA, apresentaram alguns projetos. O IBAMA se dispôs a ajudar a construir uma mini-usina para beneficiar a castanha e a SEDUC prometeu material escolar e até uma antena parabólica a fim de melhorar a aprendizagem dos índios. Irmã Thaís de Queiroz viveu na Missão de 1997 a 2006. Durante esse tempo ela foi professora e diretora da escola da Missão e fez um bom trabalho na educação dos indígenas, inclusive foi ela que iniciou a educação diferenciada nas escolas das aldeias e da Missão São Francisco. Por questões políticas o prefeito de Jacareacanga afastou-a da escola. Em 2006 ela foi transferida para a comunidade de Itaituba. No mês de Outubro grande número de doentes na Missão, especialmente entre as crianças. Apareceu um surto de coqueluche entre elas e até crianças vacinadas contraíram a doença. Por este motivo, em Dezembro, uma equipe de vacinação da FUNAI/FNS chegou e vacinou no mesmo dia as crianças na Missão. Vacinaram algumas aldeias e deixaram sete aldeias para Ir. Conceição vacinar.
No ano de 2000, Fr. Heriberto Rembeck, OFM, visitador, sugeriu que se abrisse uma fraternidade dos frades na cidade de Jacareacanga, como ponto central para atender as aldeias indígenas dos rios: das Tropas, Kabitutu, Kadiriri, Tapajós e Teles Pires. Essa proposta foi concretizada a partir de março de 2001, com a presença de dois frades: Amarildo e Juraci.
No dia 30 de Janeiro de 2001, a equipe de trabalhadores da prefeitura deu por encerrada a construção da escola e da quadra de esportes da Missão. Às 17 horas e trinta minutos todos nos reunimos no prédio escolar para a cerimônia que constou da celebração da Santa Missa, e em seguida, Dom Capistrano benzeu as salas de aula e houve o hasteamento da bandeira. Em Abril de 2001 finalmente aconteceu o início da demarcação das terras dos Munduruku. Em Janeiro de 2002, recebemos a notícia do falecimento de Frei Raimundo Crone que trabalhou na Missão de Maio de 1984 a Junho de 1990. Durante esses anos, ele tentou melhorar a situação da cooperativa, ajudando por compaixão as mulheres, carregando no trator a mandioca pesada que elas traziam da roça nas costas. Plantou árvores frutíferas por toda a Missão e repartia para quem queria plantar nas aldeias. Em Fevereiro de 2002, Frei Ricardo Duffy, Frei Juracy e Ir. Helena Calderaro vieram visitar-nos e fazer uma reunião com a comunidade missionária. Na reunião foi apresentado o assunto principal que era montar uma equipe com missionários que atuam e atuaram na área indígena. Em seguida foi apresentada a necessidade de se fazer uma avaliação da nossa prática missionária e fazer  um estudo científico da presença Franciscana, Irmãs e Frades, entre os Munduruku nesses 90 anos. Essa avaliação teria a assessoria do CIMI (Conselho Indigenista Missionário). Com o resultado dessa avaliação e o parecer dos assessores do CIMI, Pe. Nello Ruffaldi, Ir. Rebeca e Pe. Paulo Suess começa a história da Aliança Francisclariana).
2003 transcorreu dentro da normalidade, mas alguns acontecimentos marcaram a vida na Missão, como o falecimento de Irmã Romana Paiva,  que por muitos anos serviu na missão com muita dedicação e era muito estimada pelos indígenas.  No dia 18.03.2003 foi concluída a construção da nova igreja da Missão que fora construída por 08 indígenas com a orientação de Fr. Gilberto Wood num espaço de oito anos. A inauguração só aconteceu no dia 04.10, na festa de são Francisco com a bênção de D. Capistrano, bispo de Itaituba. Outra morte que abalou o povo da missão foi a do cacique Silvério Kaba no dia 09.06 após tentativa de tratamento em Jacareacanga, mas sem resultado. Ele foi substituído pelo seu filho Solano Kaba no cargo de cacique. No dia 14/08 Frei Gilberto Wood e Ir. Conceição viajam a fim de participarem de um encontro sobre o futuro da Missão com o Padre Paulo Suess. Foram estudados projetos, avaliadas propostas e documentos, feitos questionamentos e trabalhados os desafios. No dia 28/08, depois de oito anos de trabalho, Frei Gilberto e os índios concluíram a Igreja da Missão. Em outubro de 2003, Ir. Helena enviou uma carta a comunidade fazendo uma sondagem a fim de que se possa firmar a aliança entre leigos e missionários, incluindo LEMIC´S e indígenas. O novo projeto tem como objetivo revigorar a presenças missionária francisclariana junto aos povos indígenas do Rio Tapajós, cultivando uma missão nova através de alianças que se comprometem com uma nova metodologia que respeite o protagonismo indígena com uma evangelização inculturada. Neste mesmo mês, a Liderança Provincial das Smic, elaboraram em Alenquer, o projeto de criação de uma frente  missionária em Jacareacanga.
Em Janeiro de 2004, Ir. Arimatéia Marques do Vale necessitou se ausentar da Missão para tratamento de saúde. Em Abril, Ir. Arimatéia retornou a Missão para se despedir dos índios antes de seguir para a sua nova comunidade. Somos gratas a Ir. Arimatéia por todos esses anos de total dedicação á Missão. Ir. Arimatéia serviu a Missão durante 34 anos. No dia 25/04, Frei Gilberto Wood, Ir. Cláudia Regina Carlos de Morais e Ir. Conceição Rocha foram fazer visita pastoral a aldeia Boca da Estrada,  onde algumas famílias indígenas moram para fazer a vigilância da área Munduruku, que já está demarcada e homologada.
Em Fevereiro de 2005, Ir. Emiliana foi transferida para a comunidade paz e Bem em Jacareacanga. Durante os 38 anos que trabalhou na Missão trabalhou com muita dedicação e zelo. Em Março, Frei Alex, Frei Paixão e mais três Franciscanos vieram fazer um documentário do trabalho dos frades na Missão. Fizeram filmagem e entrevista com Frei Gilberto e as Irmãs. No dia 09/09, chegam os frades e irmãs da Aliança Francisclariana para o estudo da cartilha da Aliança. Os Missionários da Missão tiveram a oportunidade de apresentar as necessidades da Missão.
No dia 14 de Janeiro de 2006, a comunidade festejou com muita alegria os 80 anos de Frei Gilberto Wood, que mesmo com problemas de saúde nunca deixa de realizar os Sacramentos, seja longe ou perto. No dia 20/02 chega Ir. Cláudia Regina para fazer um estágio e pesquisa para sua monografia do curso de Serviço Social na Missão. No dia 15/05, os Frades de Jacareacanga e Santarém, as Irmãs que formam a Aliança Francisclariana chegaram a Missão para uma reunião da executiva e da Aliança em geral. Estavam presentes: Frei João Schwiters, Frei Manoel Lima, Frei Amarildo Mascarenhas, Frei Amauri Pereira, Frei Gilberto Wood que é vigário da Missão, e veio também Claudemir o coordenador do CIMI. Estavam também presentes as Irmãs Helena Calderaro, Isaldete Alemeida, Petronila de Sousa, e as Irmãs que trabalham na Missão, Ir. Thaís, Ir. Cláudia e Ir. Conceição. Nessa reunião foi discutida a situação de carência de pessoal para compor as comunidades da Missão e Jacareacanga. Diante dessa situação, Irmã Helena Calderaro que havia deixado o ofício de Provincial, por coerência e compromisso com a aliança,  optou  para morar na Missão. No dia 10/09/06 chega Ir. Helena Calderaro para fazer parte da comunidade da Missão, onde ficou apenas dois anos, pois em 2009, por problemas de saúde, ela foi para a comunidade de Jacareacanga.
No dia 31 de Janeiro de 2007, Ir. Petronila Soares, Coordenadora Provincial, conseguiu junto ao Senhor Brigadeiro da Força Aérea Brasileira um avião para trazer a Coordenadora Geral Ir. Verônica Lee, Ir. Maria do Livramento, Conselheira Geral e Ir. Eulina Hosoi, membro da comunidade de Itaituba. Chegaram debaixo de um mau tempo bem forte. Sobrevoaram a Missão e regressaram a Jacareacanga por não terem conseguido ver a pista. Depois que comunicamos via rádio que o tempo havia melhorado, eles se deslocaram de Jacareacanga e chegaram na Missão às 16 horas. No dia 11 de Fevereiro de 2007, recebemos a notícia de que Frei Miguel Kellet O.F.M, estava gravemente doente de câncer e tinha pouco tempo de vida. Ele trabalhou  na Missão e foi muito querido e respeitado pelos índios. Em fevereiro de 2007 Irmã Mirna Dias chegou também para fazer parte da comunidade da Missão e assumiu a administração da escola por três anos. 04.10, festa de São Francisco, que é sempre bem celebrada na Missão. Nesse dia à tarde chegou um avião trazendo alguns políticos e entre esses o Senador da República pelo Pará, Sr. Flexa Ribeiro e o deputado José Megalli. Fizeram muitas promessas de melhoramentos para a missão, mas poucas foram cumpridas.
Em 04 de março de 2008 chegou Irmã Marta Helena de Carvalho, juniorista da Província de Salvador para fazer sua experiência de imersão na Missão. Ela com satisfação começou logo as aulas de português na escola e foi uma boa ajuda para Irmã Mirna e para os indígenas.
Em Março de 2009 chegou a comunidade Ir. Nilma Helena Alfaia, da Congregação das Irmãs de Maristella, que veio fazer uma experiência entre o povo Munduruku. Ir. Nilma é enfermeira e irá trabalhar pela FUNASA. Em Novembro de 2009, chegou um grupo de Irmãs e Frades na Voadeira Francisclariana, para participarem da V Assembléia da Aliança Missionária Francisclariana.No dia seguinte chegaram os outros membros de avião pela manhã e a tarde houve a abertura oficial da Assembléia, que teve a duração de três dias, incluindo estudo com a comunidade indígena, sobre Hidrelétricas no Tapajós, avaliação e planejamento das Irmãs e Frades sobre a Missão entre os Munduruku, visita a Aldeia Missão Velha. No dia 04 de Março de 2010 chegou Ir. Cláudia Regina como novo membro da comunidade e dia 11 chegou Ir. Josefa Nery, da Província de Santa Cruz para uma experiência de dois anos. Em Agosto, depois de muitos anos de espera, no dia 14 chegou uma equipe do estado com a tarefa de implantar o Ensino Médio na Missão.

12 comentários:

  1. Tenho algumas poucas fotos antigas da Missao Sao Francisco do Rio Cururu, 1971. Posso enviar por email a titulo de doacao.

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  2. Caro Eddie,
    Se puder me enviar, agradeço!
    E-mail:
    Tenho 3 relatos de visitas aos Munduruku:
    http://wspaginas.blogspot.com.br/2010/03/historia-carmelita.html
    Um abraço

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  3. Fui destacado pela FAB na missão Cururu no ano de 1978. Faziam parte da missão Frei Víctor, ir. Antônia,ir. Conceição e ir. Arimatéia. Conheci também o Osvaldo waru, o Bernardo E OUTROS. Foi muito bem

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    1. Caro Raimundo Nonato,
      Obrigado pelo seu comentário!
      A Ir. Conceição continua l.á Chegou em 1973 e trabalhou por muitos anos como enfermeira
      A FAB prestou relevantes serviços aos índios Munduruku e à missão no rio Cururu. Parabéns por ter participado de todo aquele belo trabalho. Infelizmente a FAB não está mais presente ali.

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    2. Meu pai, José Siqueira dos Santos (Zuza), trabalhou com os padres nessa missão, quando jovem. Ele nos contou um pouco de sua convivência com pioneiros da Missão São Francisco, no rio Cururu.

      José S. Santos

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Explique-me a razão de ter removido o comentário sobre a convivência do meu pai com Missionários.

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    2. Quem removeu o comentário foi você mesmo. A mensagem é clara: "Este comentário foi removido pelo autor." Quem é o autor do comentário? É o próprio "Jos". Se você apagou sem querer, escreva de novo. O comentário só enriquece a página.

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  5. Parabéns participação de todos os trabalhos área munduruku fime caros irmãos, muito obrigado trabalho de vcs minha terra mundurukanda .xipat.

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    1. Xipat!
      Gosto muito de ir visitar os Munduruku. Minha última visita no rio Cururu foi em março deste ano.
      Que Deus abençoe todo o povo Munduruku e todos os indígenas do Brasil!

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  6. A CASA ESTILO ALEMÃ, É CONSTRUÍDA NO MODELO ENXAMEL, QUE FEITA DE MADEIRA SEM USO DE FERRO ENPREGOS? SENDO SOMENTE ENCAIXADAS COMO TEMOS EM POMERODE?

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    1. Exatamente. Os primeiros missionários eram alemães e por isso quando se mudaram para o local onde está a Missão, no início dos anos de 1920, construíram a casa em estilo alemão.
      Você me deu a ideia de colocar a foto. Muito obrigado!

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