quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Nota da CNBB sobre Povos Indígenas e Agricultores

Brasília, 27 de novembro de 2013
P – C – 0743/13

Nota da CNBB sobre Povos Indígenas e Agricultores
Bem aventurados os mansos porque possuirão a terra (Mt 5, 5)
O Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil- CNBB, reunido em Brasília, se une à angústia dos povos indígenas e agricultores diante da inércia do governo federal e dos respectivos governos estaduais em solucionar verdadeira e definitivamente os crescentes conflitos fundiários que envolvem estes nossos irmãos.
Entendemos que a solução para esta situação passa necessariamente pelo reconhecimento do direito histórico e constitucional dos povos indígenas sobre suas terras tradicionais, bem como, pelo reconhecimento dos títulos de terra denominados de boa fé.
Os entes federados, responsáveis pela emissão de títulos de propriedade sobre terras da União, devem assumir a responsabilidade pelo erro político-administrativo que cometeram e indenizar os agricultores que adquiriram de boa fé e pagaram pela terra onde vivem com suas famílias e formaram comunidades. Além disso, o Estado deve indenizar os agricultores pelas benfeitorias construídas sobre as terras e, aquelas famílias que desejarem ser reassentadas, precisam ter esse direito devidamente respeitado, como estabelece o decreto 1775/96, preferencialmente na mesma região.
Não é aceitável a posição assumida pelo governo federal e pelos distintos governos estaduais neste processo. Impedir e protelar a solução desses problemas potencializa a insegurança, as angústias e os riscos de conflitos entre indígenas e agricultores, ambos vítimas de um modelo equivocado de ocupação do território brasileiro.
A Igreja e seus ministros têm compromisso de evangelização e de pastoral com indígenas e agricultores. Neste compromisso, se colocam a serviço da vida plena. (DGAE 106).
O momento é crítico e exige urgente e efetiva ação por parte do governo brasileiro em defesa da vida, da justiça e da paz entre indígenas e agricultores no país.
Que Nossa Senhora, a mãe de todos os povos, olhe por seus filhos nesse momento de dor e preocupações.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis          Dom José Belisário da Silva
      Arcebispo de Aparecida (SP)                             Arcebispo de São Luís (MA)
         Presidente da CNBB                                       Vice Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília (DF)
Secretário Geral da CNBB




terça-feira, 3 de setembro de 2013

APELO PELA PAZ FEITO PELO PAPA FRANCISCO



APELO PELA PAZ FEITO PELO PAPA FRANCISCO

ANGELUS 
Praça de São Pedro

Domingo, 1º de Setembro de 2013
 


Hoje, queridos irmãos e irmãs,

Queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.



Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam.



Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.



Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria.



Que não se poupe nenhum esforço para garantir a ajuda humanitária às vítimas deste terrível conflito, particularmente os deslocados no país e os numerosos refugiados nos países vizinhos. Que os agentes humanitários, dedicados a aliviar os sofrimentos da população, tenham garantida a possibilidade de prestar a ajuda necessária.



O que podemos fazer pela paz no mundo? Como dizia o Papa João XXIII, a todos corresponde a tarefa de estabelecer um novo sistema de relações de convivência baseados na justiça e no amor (cf. Pacem in terris, [11 de abril de 1963]: AAS 55 [1963], 301-302).


Possa uma corrente de compromisso pela paz unir todos os homens e mulheres de boa vontade! Trata-se de um forte e premente convite que dirijo a toda a Igreja Católica, mas que estendo a todos os cristãos de outras confissões, aos homens e mulheres de todas as religiões e também àqueles irmãos e irmãs que não creem: a paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade.


Repito em alta voz: não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz.



Que o grito da paz se erga alto para que chegue até o coração de cada um, e que todos abandonem as armas e se deixem guiar pelo desejo de paz.



Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.



No dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h até as 24h, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa ver gestos de paz e escutar palavras de esperança e de paz! Peço a todas as Igrejas particulares que, além de viver este dia de jejum, organizem algum ato litúrgico por esta intenção.


Peçamos a Maria que nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. Ela é mãe: que Ela nos ajude a encontrar a paz; todos nós somos seus filhos! Ajudai-nos, Maria, a superar este momento difícil e a nos comprometer a construir, todos os dias e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai por nós!


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

SOBRE A RENÚNCIA DO PAPA BENTO XVI


SOBRE A RENÚNCIA DO PAPA BENTO XVI

Também fui surpreendido pela notícia da renúncia do Papa Bento XVI. 
No dia 19 de abril de 2005, eu estava na praça São Pedro quando ele foi eleito. Foi uma experiência única e marcante.
Pouco depois de se tornar o Sucessor de Pedro, Bento XVI decidiu que o  V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe seria no Brasil e em Aparecida. Tudo estava sendo encaminhado para ser em Buenos Aires ou Santiago do Chile. Foi seu primeiro gesto de carinho pelo Brasil. Depois visitou o nosso país em 2007.  Dois anos atrás, determinou que a Jornada Mundial da Juventude 2013 fosse no Rio de Janeiro. Entre tantos outros gestos de apreço e preferência pelo Brasil, quero mencionar as nomeações de Dom Cláudio Hummes em outubro de 2006 como Prefeito da Congregação para o Clero e de Dom João Braz de Aviz como Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica em janeiro de 2011. Portanto, nós católicos brasileiros temos que reconhecer que Bento XVI olhou sempre com carinho para a nossa Igreja do Brasil.
Tive a oportunidade de cumprimentá-lo pessoalmente 2 vezes. Na primeira, dia 9 de novembro de  2007agradeci pela sua visita ao Brasil, ele me disse: "foi uma viagem muito interessante". No final daquele ano ao fazer o "balanço" do ano de seu pontificado, ele disse que o fato mais importante tinha sido sua visita ao Brasil.
Em setembro de 2011 tive a oportunidade de encontrá-lo novamente. Foi no em Castel Gandolfo. Percebi que ele estava bastante "baqueado". Fiquei com a nítida impressão de que ele não estava bem de saúde.
Quase 1 ano e meio se passaram, ele renuncia dizendo: "Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino."
Deve ter sido muito sofrido reconhecer que “vigor, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado”.
Para tomar a decisão de renunciar à condução da barca de São Pedro, Bento XVI teve uma reserva de força interior muito grande, força esta calcada na oração e meditação. Seu gesto é de grandeza e não de fraqueza. Não foi um gesto de egoísmo e sim de amor à Igreja.
Eu já o admirava e agora o admiro mais ainda.
Vamos rezar pela sua saúde e pelo novo Sucessor de Pedro que será eleito para que seja um grande Papa como foi Bento XVI.

Dom Frei Wilmar Santin. O.Carm.
Bispo da Prelazia de Itaituba – Pará




Fotos com o Papa Bento XVI
<http://www.flickr.com/photos/wsantin/6152468162> (Castel Gandolfo, 15-09-2011)





Seguidores